O gosto pelos meus lábios ainda era áspero, como de quando eu comia merengue do bolo e bebia algo gaseificado. Minha língua parecia dormente. Formigava. E meus olhos castanhos só ardiam. Me espichei um pouco pra tentar ligar o abajur. Em vão. A sombra tomou várias formas, e como numa viagem psicodélica no tempo, revi fantasmas de gente ainda viva e senti toda a vitalidade de almas que perambularam pelas avenidas da minha história.
Desespero é uma sensação engraçada. Às vezes tem gente frustrada porque não tomou a superdose correta de remédios a ponto de se matar. E em outros casos já vi gente agoniada com a saudade, chegando a agir por seus impulsos mais animalescos como carnívoros malditos de dieta há semanas, que veem um pedaço de carne pingando sangue no seu focinho.
Tentei sorrir. Meus lábios congelaram num raio que percorreu toda minha pele. Não sentia minhas pernas. Eu só voava. E tudo ao redor perdia a órbita pra se chocar 'vulcanicamente' nos meus olhos. Senti uma angústia forte que acelerou o som do desenho da caixa instalada ao lado da minha cama, que agora pareciam montanhas russas enfurecidas. O raiozinho verde do aparelho subiu e desceu em pontos que eu não sabia que eram possíveis, até que enfiou-se numa reta...
Neste momento engoli o vômito que logo vinha, e tudo escureceu. Logo após esverdear. A sombra se extinguiu. O lado bom? Senti meu lábio mordendo o outro, e isso me animou.
Aquela era mais que uma sombra! Era uma companhia. Tinha aparência disforme. Mas estranhamente me excitava. Acho que depois de plantar tanta ideia enfim colhi todas juntas. Logo pude abrir um livro e nele ver vidas recortadas e coladas como um álbum de família. Irônico, me senti abraçado.
Acordei de novo. Havia muito murmúrio. Luzes brancas e um falatório uníssono tomavam conta do local. Lambi os lábios como uma criança que aprende um novo gesto. (Parecia um tamanduá procurando formigas). A sombra desaparecera - Mas não da minha vida, pois ela preenchia minha metade - Apenas do quarto.
Ergui o tronco pra sair da cama. Uma nova onda me abateu. Flutuei pra longe de tudo. Perdi meu epicentro, minha referência... E lacrimejei como uma criança que pede doce (sempre infantilizo referências).
"Justo agora que me sentia metade bem" Pensei.
"Não sinto minhas pernas..." Dessa vez pensei tão alto que acho que gritei junto das lágrimas que me atravessavam, instintivamente.
Espero que adultos também voem...
Oi, Luís! Obrigada pela visita no Delírios de Paty. Seja sempre bem-vindo por lá. Sou sua mais nova seguidora :D o/
ResponderExcluirwww.deliriosdepaty.blogspot.com
O blog tb tem fanpage. Tenho certeza que você vai curtir. Sempre atualizo com assuntos bem legais sobre moda, beleza e delírios da vida hehehe Te espero por lá ;)
https://www.facebook.com/deliriosdepaty
Ôi Clive! Seja sempre bem-vindo! Que bom que gostou aqui do blog e está seguindo... Já sou tua seguidora faz um bom tempinho e me encontro na 4ª ou 5ª página do teu mosaico, se não me engano... Eu me achei lá....Faço novas postagens sempre às 2ªs e 5ªs!Ótima semana pra você! Grande abraço!
ResponderExcluirElaine Averbuch Neves
http://elaine-dedentroprafora.blogspot.com.br/
Olá Luis!
ResponderExcluirAdorei esse conto(ficção) que você fez.
Você consegue entrar no ego dos leitores que não conseguem parar de lê-lo e, com pressa de saber o final.
Realmente você me convenceu, estou seguindo.
Já está prontinho para editar um livro de contos.
Lindo!Você é demais.
Beijos no seu coração
Lua Singular
Uma brincadeirinha para você:
Estava tendo convulsão e, sozinho tentou clarear o quarto, mas sua nem senti sua língua.
Teve um horrível pesadelo:desespero, saudade, comida em exagero.
Quis voltar a si, voar significa morte, via de tudo no seu delírio.
Se tivesse vomitado acordaria.
Nessa loucura que estava lembra-se até dos mortos
Já estava com fome novamente,creio que vomitou e sentiu-se melhor.
Quis acordar, mas seu sono profundo não o deixou.
Agora estava melhorando e sorria de alegria e suas lágrimas o desnudou, molhando-o todo.
Claro, voamos com você.
Olá Luis
ResponderExcluirERRATA na 1ª parte de brincadeirinha escrevi duas vezes sua.
Lua Singular
Olá Luis.
ResponderExcluirEntre o sonho e a realidade, a vida e para além da vida... a matéria e a consciencia... A agonia física e o voo espiritual. Assim entendi o teu texto. Muito bom o teu conto.
Obrigada pela tua vizita. Vou seguir-te, gostei da tua forma de escrever.
Abraço sincero.
http://falandocomosmeusbotoes.blogspot.com
Olá luis chegando por aqui ...Amigo és muito bom de conto viu ...fala sério te lendo entrei num viagem Woodstokiana impressionante...viajei de mala e cuia ...no seu conto fui lá ver o hendrix tocar guitarra e janis joplin pirar as pessoas com aquela voz luoca cantando summer time. viu fiquei seu fã velho ...muito bom...parabéns Pedro Pugliese
ResponderExcluirOlá Clives!
ResponderExcluirEu adoro sua forma de se expressar, ta nem aí pra nada, usa palavras no popular mesmo.
"Me espichei um pouco pra tentar ligar o abajur"
"Pedaço de carne pingando sangue no seu focinho"
Claro que tudo dentro de um contexto.
Muito bom ler até o fim
A frase final,rs nem pense nisso!
Bjos e volto! se por ventura eu esquecer vc me lembra. Brincadeira, mas te espero no meu blog tbm.
Obrigada.
Meu querido,tu voastes...mas como insistes em amar essa criança que há em ti...negas esse poder de voar agora, quando adulto!
ResponderExcluirPara mim a diferença entre voar e caminhar é:
Caminhar é teu viver real,passando pela vida... e voar, é a fuga da realidade ou então a procura da ânsia louca por um cadinho de paz.
Amei:
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"revi fantasmas de gente ainda viva e senti toda a vitalidade de almas que perambularam pelas avenidas da minha história."
Senti profundamente a tua solidão!!!!
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" Acho que depois de plantar tanta ideia enfim colhi todas juntas. Logo pude abrir um livro e nele ver vidas recortadas e coladas como um álbum de família. Irônico, me senti abraçado."
Em todos os acontecimentos em nossas vidas,numa certa altura,passam voando fatos,lembranças e idéias...e tudo se torna UM...por isso a sensação do abraço!
O que tu procuras???
O que te consola???
Por enquanto o teu refúgio é poder voar!!!
Tens uma alma linda e maravilhosa!!!!
Beijão...
!
Você é um blogueiro de alma carismática, talentoso, cujo textos nos faz refletir.ler seus textos é uma viagem alucinante, onde desembarcar é triste.Abraço carinhoso.:-BYJOTAN.
ResponderExcluirvisite este blog
ResponderExcluirpretende visitar e se reunir com o seu
Blog é muito bom
Aqui eu só quero visitar um colega blogueiro e World familiarizado
para participar na aprendizagem e leitura de mensagens
boa tarde
obrigado
Oi Luís, ainda não conhecia seu blog, os textos são muito bons, vc escreve muito bem, eu amei *.*
ResponderExcluirBjos!!
(Paty)
Adorei o conto.
ResponderExcluirÉ um livro? Está escrevendo um? Se tiver, me avisa que vou querer.
Fazemos parcerias com blogueiros e autores blogueiros também.
Caso se interesse...
M&N
Oi!
ResponderExcluirVim aqui agradecer a visita e me deparei com esse texto maravilhoso! Não posso ler ele com pressa! Prometo voltar depois para ler esse e as outras partes com mais calma, mas desde já garanto que gostei muito do seu estilo de escrita!
Além do Mente Hipercriativa, também tenho um blog só de contos: Universo Invisível (http://universo-invisivel.blogspot.com.br/)
Se quiser faça uma visita! Será muito bem vindo!
Beijussss;
http://hipercriativa.blogspot.com.br/
Uau, esse está ainda melhor que o anterior. Você tem um talento e tanto. Consegue brincar com as palavras e com os sentido dos leitores... Realmente parabéns!
ResponderExcluirFico feliz de ter conhecido seu trabalho! Sucesso!
Beijos
Olá Luís,
ResponderExcluirPassando para agradecer a visita. Bem expressivo este capítulo. Voltarei depois com mais tempo para ler um pouco mais. Você é bem talentoso na arte da escrita. Adorei ler.
Abraço.
"O raiozinho verde do aparelho subiu e desceu em pontos que eu não sabia que eram possíveis, até que enfiou-se numa reta".
ResponderExcluirLembrei daquele aparelho que mede a frequência cardíaca . Será que ele também monitora os pensamentos ? O que acontece quando a linha fica reta? Sinônimo de que o paciente morreu ! O que é morrer? Não poder ser mais você?! Ser quem?
Voar , criar , ser outro alguém , um gestáltico talvez ?! Seria preciso isto para compreender as partes do todo ? E mesmo assim sempre fica uma lacuna . Esta companhia pode ser o Clive que não é exatamente o Luiz , que talvez seja o João ou a Maria .
Voar nos remete a outro ser . Caminhar é sentir um lábio mordendo o outro .
"Incrível "
Uma verdadeira viagem esse capítulo. Tudo misturado, intenso.O desespero é algo realmente engraçado.
ResponderExcluirNo momento estou exatamente assim: Desesperada. E sabe o que é realmente engraçado? Não sei o que fazer com esse turbilhão de sensações.
Talvez aparecer uma linha reta dessa em minha vida não fosse tão ruim assim...
Esperando pelo próximo capítulo.
Beijos, Gi.
Olá vim retribuir sua visita, como as suas poesias são intensas,não? Parabéns.
ResponderExcluirEstou ti seguindo também, bom feriado!
Já estou te seguindo! *-*
ResponderExcluirhttp://expectativasreais.blogspot.com.br/
Texto intenso e muito bem escrito! Transmite muita emoção.... Um abençoado e feliz fim de semana!
ResponderExcluirAbraço fraterno e carinhoso!
Elaine Averbuch Neves
http://elaine-dedentroprafora.blogspot.com.br/
Luis, é um texto pungente!
ResponderExcluirO peso da angústia nos membros e na alma.
Excelente.
Meu nome é António Batalha, estive a ver e ler algumas coisas de seu blog, achei-o muito bom, e espero vir aqui mais vezes. Meu desejo é que continue a fazer o seu melhor, dando-nos boas mensagens.
ResponderExcluirTenho um blog Peregrino e servo, se desejar visitar ia deixar-me muito honrado.
Ps. Se desejar seguir meu blog será uma honra ter voce entre meus amigos virtuais, decerto irei retribuir com muito prazer. Siga de forma que possa encontrar o seu blog.
Deixo a minha benção e a paz de Jesus.
Mto bom!!!!
ResponderExcluirsede de leitura!!!
que venha o proximo1
bj
opinandoemtudo.blogspot.com
Amei o conto, mas fiquei um pouco perdida O.O
ResponderExcluirhttp://fasesdegarota.blogspot.com.br/
Se isto for parte de um futuro livro, quero saber quando for lançar. Adorei a forma como você escreve, bem diferente e um tanto "poético".
ResponderExcluirAbraços,
Gabi.
Olá Luís...
ResponderExcluirPor vezes sentimo-nos assim, numa agonia que aterroriza nosso ser...
Por vezes flutuamos entre o sonho e a realidade... Mas o melhor é caminharmos por entre o sol...
Escreves muito bem e com muita propriedade...
Perdoe-me se meu comentário não adapta-se ao teu conto, pois o mesmo para mim é muito enigmático...
Grata pela visita...
Bacio blu nel cuore
Obs:Tire esta verificação de palavras, além de não servir para nada, só atrapalha. Imagine termos que provar que não somos robô! Fala sério hem!!!
Com respeito!!...
Oi, Luís. Passei para retribuir sua visita ao meu blog, seu espaço é muito criativo. Gostei da forma como escreve. Um abraço!
ResponderExcluirOI LUIZ!
ResponderExcluirTENS O DOM DA ESCRITA, INEGAVELMENTE.
ESTOU ADORANDO.
III°.
zilanicelia.blogspot.com.br/
Click AQUI
Oi Luíz!! Já sou tua seguidora ha algum tempo e adimito muito o que escreves. Mensagens poéticas fortes e profundas. Veja que lindo!!"Ambiguidades tão insanas que me excitam. Como uma dor que me faz sorrir, ou uma sede devastadora de culpa. Auto-piedade. Dó que eu renego das pessoas. Mas que aceito de bom grato da minha consciência".Uma culpa insana, meio loca e consciente, porque aceitas e não renegas, apesar que em alguns momentos sejas contraditórios os teus desjos!1 Desculpe, foi a minha reflexão. Abraços muito sucesso.Obrigada por seguir meu blog. Volte sempre!!
ResponderExcluirAinda estou em duvida do que
ResponderExcluirsenti até este momento. Não quero
colocar os carros na frente dos bois,
mas to sentindo algo muito forte neste
relato do Clive, isso não me assusta,
mas me fez, até o momento, sentir pena...
Mas vamos la para o outro capitulo, to
curiosissima...Abraços e me segue, to correndo
nas leitura. Sabe, e passa assim como, uma prosa
poetica e declarada...