sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Eu sou... Clive B. Capítulo Segundo: Até Minha Poesia É Às Avessas


Eu deveria ir direto ao assunto (como de costume), mas acho que antes de contar qualquer coisa (por mais que seja uma mentira), é preciso apresentar fatos relevantes.
Eu não sou bom com apresentações (puderam notar no último post), então começarei como conseguir.


Sinto frio nos pés. Sempre que durmo, por mais quente que esteja, preciso cobrí-los, bem como as costas. A propósito, eu meio que me sinto indefeso com portas abertas e corredores. Não sou louco. Sou um soldado precavido, neurótico, que jamais voltou da guerra que comecei a travar comigo mesmo, ao nascer.

Manias são manias. Indiscutíveis. Não vejo o porquê de tentar curá-las. É como procurar um remédio pra quem não está enfermo. E por mais que doenças possam ser reflexos de manias num nível abusivo, eu sou doente desde que passei a escrever (ou então escrevo desde descobri as doenças).
E os meus vícios são apenas um apêndice disso tudo. Não to buscando redenção, nem ajuda. Quero enfrentar meus problemas sozinho. Sendo assim, guarde sua compaixão e sua dó no seu bolso.


A história começa mais ou menos baseado em fatos simples, relatados anteriormente, como beleza, poder e manipulação.
O fato é que eu era inocente! Mesmo que assumir culpa não seja meu forte, e essa frase soe piegas pros culpados. Mas aqueles olhos queimavam num caminho através de mim. Era esmagador, destruidor até docemente. Há um fogo dentro de mim , que queimou todas as minhas lembranças e as minhas culpas. Agora eu vou pra cidade, queimar também!


Eu não gosto de andar acompanhado. Não sou cão-guia. Acho que assim posso desenvolver minha calopsia sem julgamento.

Mas aquele olhar... Era algo indiscutível. Naquele tempo eu ainda rezava antes de dormir, e sonhava como uma pessoa qualquer. Eu queria lhe escrever um poema, uma canção de amor. Mas só o que eu pensava era nos nossos corpos destruindo a atmosfera e incendiando os ares com beijos vorazes e mal intencionados. Eu me despiria de todas as defesas e armaduras. Nadaria desnudo pelas correntezas daquele corpo, sem temer. Sem hesitar. Eu era um tolo. Um louco. Paixão enlouquecida. Droga, falei essa palavra. Aproveitem pra relê-la bastante. Não a usarei mais!

Eu era metade bonito. Metade desconsertado. Mas eu tinha conserto! Tinha beleza! Eu só não tinha vida.

Até que o dia 12 chegou. O mundo virou, revirou, me socou. Eu juro que senti minhas tripas saindo e sendo colocadas de volta com uma espátula de macarrão. Meu cérebro adormeceu. Lá estava. Deitado. Sem dormir. Sem Sonhar. Apenas deitado. E lá fiquei. Até despertar. Não sei quanto tempo se passou. Nem sei se passou algum tempo, ou se ele estacionou ao meu lado também.
Não lembrava de nada. Uma sensação me despertava. Não era fome. Não era sede. Estava com tudo no lugar. Mas qual lugar?


Abri os olhos. Uma silhueta parecia me observar. É, eu não tava dormindo.
Como queria fechar os olhos de novo e fingir que não acordei.
Tarde demais.
A sombra se aproximou, minha visão foi ficando menos embaçada. Arregalei os olhos pra tentar enxergar melhor.
É sério, não misturem desespero e ânsia de vômito. Elas combinam demais.
Será que eu tava bêbado? Porque só o que eu sentia, era frio nos pés.

38 comentários:

  1. Acho que agora, de fato, a história começa. Pra quem perdeu o início, o capítulo primeiro está aqui abaixo.
    Boa leitura e espero os comments ^^

    Clive B.

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  2. Tu me deixas muito intrigada com esta história *-*
    o jeito como usa as palavras... me hipnotiza.

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  3. Concordo, e não acho que se trate de 'visões negativas'. Acho que você usa um jeito não tradicional de expressar esse turbilhão de forças que é a vida.
    E cada vez quero ler mais o/

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  4. Olá Luís!
    Olha!
    Estou te acompanhando, e te achando o máximo
    Fica uma grande duvida, se suas manias são reais ou não, só sei que você nos prende a cada verso dos seus textos.
    .
    Ah! eu acho que estava bêbado sim rs?

    bjos

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  5. E novamente você escreve, e novamente me vejo nas linhas.
    Não tenho o que dizer, acho que é desnecessário.
    Esperarei o próximo...
    Beijos, Gi.

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  6. Envolvente, contagiante, peculiar!

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  7. Li o primeiro, então vim correndo ver o segundo!
    Amei...
    Beijos!!
    Garota Preciosa(acesse o perfil)

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  8. Sim...envolvente, profundo...e não dá para negar que dá uma certa raiva em querer continuar lendo sem parar e não ter mais o que ler.

    www.lumestrela.blogspot.com.br

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  9. Nossa!! Muito bom.. só que eu fiz o contrário li primeiro a segunda parte.. srrsr
    Aí voltei pra primeira e reli de novo..
    Um beijo carinhoso e uma noite especial..
    Gostei do seu cantinho e fui ficando rsr

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  10. Cada um tem seu modo de ser, agir e pensar...
    Obrigada por compartilhar.Já estou seguindo
    KK

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  11. Amei demais, acabei de chegar aqui e já tô adorando, muito interessante! Amei o seu blog e seu gosto musical. Seguindo (:
    you-imagine.blogspot.com

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  12. oi ,seu blog @@ Adoreii!!
    Você ganhou uma nova leitora k
    Vou comentar sempre que puder
    Você pode me ajudar a ter 10 seguidores.
    clube-das-lovatics.blogspot.com.br
    segue este também
    one-teens.blogspot.com

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  13. Primeiro:
    Para o frio nas costas e nos pés...só mesmo um cobertor ou uma bela companhia!
    Segundo:
    Tu te analisas e lá no fundo te condenas por ser como és...mas sou da opinião que devemos ser autênticos e ponto final.
    Se não nos gostam do jeito que somos...afastem-se!
    Sempre haverá alguém que nos gostará do jeitinho que somos,enquanto isso,enquanto esse alguém não aparecer...caminhando e cantando,seguimos em frente,não é????
    Na cama e no amor,todas as emoções são válidas...a consequência da entrega louca,não importa,o que importa é o PRESENTE!
    Terceiro:
    Não finjas que estás adormecido...arregale os olhos,para não perder nenhum momento da tua vida!
    Beijão...

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  14. Nossa, Luís, adorei o post! Conhecer seu blog e encontrar logo de cara um texto desses é maravilhoso!

    Você usa muito bem as palavras e as transforma em algo lindo. Parabéns!

    Beijos e ah, só para avisar: já estou seguindo seu blog em retribuição!

    Luene
    http://instituicaojovensprodigios.blogspot.com/

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  15. Fico numa duvida danada!
    Como te chamo! Clive ou Luís?
    Ah! mas isso não importa, estou aguardando a continuação dessa historia aí vice bixim?...

    Volto!


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  16. Olá Paz!
    Acho você uma pessoa realmente incrível, inteligente, só precisa desamontoar essas palavras que pra mim, uma mulher muito vivida, notei a sua história em forma de um texto mirabolante e irreal, pois sei que você não é o que escreve e sim um manipulador de idéias ilusórias gostosas e inteligentes que levou a maioria das pessoas a tachá-lo de louco.
    Você quer o mundo para você? Tenha certeza que está conseguindo, pode estudar dramaturgia que terá sucesso.
    Você leu o que o conto que escrevi? Acredito que não, pois o comentário era para o seu ego.
    Realmente conseguiu seu intento. Você vai longe e eu entrei na sua para ver o que ia dar.
    Eu sei ver o mundo, você o vive, daí a diferença entre um garoto inteligente e uma mulher de 65 anos que não fica atrás.
    Você é o cara!
    Beijos
    Lua Singular

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  17. Adorei!
    Me vi em alguns dos seus "eus"...
    E fico aqui pensando: Existem muitos por ai.
    Devaneios, sonhos,loucuras, não importa, a mente trabalha e encanta os leitores!
    Muito bom mesmo!
    Ivany

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  18. Eu acho que você escreve bem. Gostei desse trecho "Manias são manias. Indiscutíveis. Não vejo o porquê de tentar curá-las."

    Beijinhos!

    http://www.daniela-meucantinholiterario.blogspot.com/

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  19. Nossa, você escreve tão bem!
    Gostei das muitas frases, rebuscadas sem serem indecifráveis, intimistas como em vários contos de Clarice Lispector e mesmo assim escritas com originalidade.
    Suas palavras nos transportam para a história, fazendo-nos sentir o desprezo, a aflição, o frio nos pés, a inocência perdida.
    Seguindo.

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  20. Oi Clive, ou Luis,
    obrigada pela visita.

    Bacana como vc escreve. Nao, vc (ou o personagem que criou aqui, se é que criou) nao é louco, se é, eu tbm sou, sou a rainha das paranoias. Dividimos algumas: só durmo de meia e com coberta, nao gosto de dormir com portas abertas, nem mesmo dos armarios, cubro tbm as costas, e as orelhas (nao consigo deixa-las descobertas!) e nao gosto de andar com ninguem na cidade, fazer compras entao, ahhh prefiro sempre ir sozinha...

    gostei mt do texto. das explosoes no ar ao se beijarem, vcs, perigosos ;-)

    inté!

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  21. Nossa, muito bom o texto! Tipo, a gente lê e imagina, sonha o que o texto descreve! Ótimo! Parabéns *-*

    Beijinhos, Paula! ♥
    ~Sweet Makeup~
    (clica no perfil pra visitar meu blog)

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  22. Falar de si em forma de poesia!? Ficou muito bom, parabéns pelo texto... abraços e linda noite.

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  23. Sentir frio nos pés é uma mentira ? Logo no início deste texto vi um cenário , como se fosse aquela criança com medo do que possa existir no resto do quarto , em que sua defesa é o próprio cobertor que parece mais um “manto protetor” junto a um pequeno buraco deixado para poder observar o que acontece e ao mesmo tempo sentir mais medo por “imaginar” o que “poderia” acontecer . Sim . Todos nós somos neuróticos! O personagem diz que não precisa de ajuda , mas , seria isto apenas um desabafo e uma possível apresentação ? Manipulação é uma palavra interessante. Paixão enlouquecida ? Existe paixão controlada ? Um super desafio é tentar estabelecer uma razão para a emoção ! Será que somos “metades” ou depende da forma como enxergamos as coisas ou como os outros nos enxergam , pré estipulando e definindo o motivo de nossas metades ?

    “Porque só o que eu sentia era frio nos pés” . Novamente voltamos ao ponto inicial - o medo ! Até que o ponto a visão tida por Clive seria real? Realmente ele estava bêbado , drogado , dentro de seu próprio quarto irreconhecível , imaginando o que não existia em um lugar que ele não sabia , ou será que tudo que o personagem via era verdade?

    Cobrir os pés poderá ser uma metáfora para retratar sobre o mesmo sentimento , e quem sabe as visões aparentemente consideradas inexistentes possam ser existentes ?

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  24. Incrível a maneira como você descreve seus sentimentos, eu já não consigo ser assim...Ce escreve muito bem, parabéns. Aguardo a continuação :)

    Beijos!

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  25. Olá !
    Vim retribuir a visita, e, devo dizer que o primeiro post que li, me manteve presa do começo ao fim.
    Parabens pela apresentação e pela descrição, mesmo que quanto a apresentação você acredite não fazê-lo bem, eu diria que é excelente.

    Passo a seguir.

    Abraço!
    Jhosy
    http://meninamsicaeflor.blogspot.com.br/

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  26. Vou te dizer que o frio nos pés, nem boa companhia resolve... meias. Apenas meias resolvem...

    Gostei do seu texto. Inseguro, trivial, bem humorado e sarcástico. Ambas qualidades que admiro e compactuo!

    Ja coloquei minha carinha ali na sua parede.
    Grata!

    bjsMEus
    Catita

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  27. Todos temos manias. Eu também. A minha é de ser prolixo. Ninguém tem dó. Por que eu teria de você? Não, não tive. Ainda bem, estou sem bolsos. Como guardá-las? Não dá. Não quero. Viu? Essa é a minha mania. Podia ter dito: Bom post. Mas, não. Li inteiro, ele é grande. E escrevo um comentário à altura... não da qualidade, mas da quantidade... rs

    Mesmo que não dissesse a palavra, já não adiantaria. Você já havia se entregado. Tolo! Isso, apaixonou-se torna-se tolo. Não se zangue. É assim que funciona. Senão a paixão não seria uma febre. Talvez seja o calor. É, deve ser o calor. Queima e quando queima frita os neurônios. Tornamo-nos tolos. Não se zangue, apaixonado é tolo. Aliás, praticamente sinônimos. Você diz uma coisa ou outra. Sim sou um tolo; Sim sou um apaixonado. É... soa do mesmo jeito... hummmm

    E os pés, sim, eles ficam frios. Ficam gelados. Ficam petrificados. Coitados dos pés. Demora-se pra chegar até lá e é o primeiro a sofrer os impactos da caminhada. Pé sofre. Pé deveria ganhar uma estátua. Pé é mártir!

    Tive que ler também o seu post anterior, já que intitula este de segundo. E o povo diz mesmo muitas mentiras. Você também. Eu. Eu? É. Aqui mesmo, será que estamos dizendo a verdade? Agora? Vá lá que seja. Mas o sofrimento é real. Realíssimo! E os demônios atacam sem dó. Mas a culpa não é deles. Nós os criamos. São nossos filhos. Nossas crias. Nossa herança. Nosso espólio. E as pessoas não mudam não, elas ficam mansas. Não sabia? Ai ai ai, agora te dei um nó, né?! Não é raiva. A raiva vem antes. O ódio do mundo vem antes.
    Depois os demônios batem e batem e batem sem dó. Então ficam mansos. Todos corpos dóceis... uma beleza. E ainda assumem o erro. Assumem mas não pagam. Já fo mesmo, né! Por que pagá-los. E para quem? Não. Não pago.

    Mas, a bem da verdade, vim aqui pagar a tua visita. E espero que tenha sido bom para você. Para mim foi. O meu texto ficou grande? Não. Apenas fui na tua esteira.

    Abraços, amigo e fica o convite para voltar quando quiser. Daniel.
    http://dagarpower.blogspot.com

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    1. Meu caro, espero que tenha compreendido. Foi uma brincadeira, de personagem para personagem.
      Teus textos são ótimos. E realmente li os dois. Gosto da prosa também.
      Um grande abraço e seja muito bem-vindo lá no meu espaço. Também já estou por aqui entre os teus amigos que 'mostram' a cara no quadro ao lado.
      Até mais! Daniel.

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  28. Nossa, sempre muito bom o texto! Adoro!

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  29. Excelente texto. Acho legal demais o poeta inventar uma história interessante que que prende a atenção do leitor do início até o fim,e vc foi magistral.
    Obrigada por seguir meu humilde blog. Estou te seguindo também. Amei conhecer seu trabalho, ô mestre!
    bjs no coração!

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  30. OI LUIZ!
    MANIAS QUE NASCEM CONOSCO E NOS ACOMPANHARÃO POR TODA A NOSSA VIDA, DIFÍCIL SERÁ MANTER O CONTROLE SOBRE ELAS...
    II°.
    ABRÇS
    zilanicelia.blogspot.com.br/
    Click AQUI

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  31. Oi Luíz,
    Demorou mais cheguei,rs.É que eu não tenho tido muito tempo para acompanhar as pessoas,então no final de semana,vejo um pouco mais os blogs.
    Bom,obrigada pela presença lá no blog,espero que nos encontremos mais vezes sim,achei o começo da história interessante e vou seguir pra continuar acompanhando.
    Posso demorar,mas volto tá?!rs
    um bom domingo,=)

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  32. rs mais uma vez, me vi em algumas passagem...
    meus pés são a parte q nunca esquentam no frio; também adoro andar desacompanhada.

    muito bom! um tom de humor e suspense no desfecho.

    abraço

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  33. Este Clive! Tantas palavras que me parecem mais uma tentativa de fuga. É, Clive me parece fugir. De quê? Por quê? Não quero falar objetivamente o que ele mesmo não se permite fazer. Até porque se isso fosse feito não teria tanta graça em tentar conhecê-lo mais. Por que foge? Não cabe a mim dizer. Poderia acabar fazendo uma espécie de julgamento e não quero, não devo, não posso julgá-lo.

    Luíz, tornei-me admiradora dos seus escritos. Você escreve muito bem.

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  34. Neste aqui, so passarei para dizer que,
    me deixou curiosa, então, parto correndo
    para o outro capitulo e assim, sem medo
    da sombra que te assombra, vou ler logo
    o proximo e dai, tirar as minhas conclusões.
    Abraços...rsrs

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Leia com atenção.
Não esquecendo que tudo é desenvolvido como poesia livre, seja uma crítica ou um ponto de vista.
Ninguém é obrigado a concordar, mas respeitar e ser sincero ajuda ^^