quinta-feira, 16 de junho de 2011

Canção de Ninar - Parte 3:

Passando pelo parque, no meio da tarde, o garoto com Sapatos Vermelhos pôde avistar de longe, sob o tronco de uma imensa cerejeira, uma espécie de carta, que chamou-lhe a atenção na mesma hora.

O jovem estava a caminhar, sem rumo certo, apenas em um transe profundo como de costume, quando buscava algum tipo de resposta para uma pergunta ainda não feita.
Nesse momento ele podia concentrar-se e assim desvirtuar-se de falsos apegos (sejam eles materiais ou melódicos).

Ele estava num labirinto. A saída que ele procurava simbolizaria a resposta obtida. Mas ele estava muito longe de adquirí-la. Na verdade, quanto mais caminhava, mais o menino afundava-se no seu subconsciente.

Não prenderei-lhes em demasiados detalhes sobre a vida do garoto com Sapatos Vermelhos, mas o que posso resumir, é que o garoto vivia numa vida que não era a dele. Ele estava a escrever uma história na qual não sabia mais quem era o protagonista. Ele escrevia, apesar de prerferir pintar.

Em busca da sua própria identidade, o garoto assumiu diversas falhas, que carregava consigo até hoje. Cada personagem e cada erro acumulado, o distanciava cada vez mais de quem ele realmente era. Estava ele submerso num riacho de hipocrisia e moralismo.

O jovem tinha sorriso vazio, olhar curioso e cabelos bem penteados que imitavam um sábado de luar. Tinha fala ligeira e inóspita de alguém que tem muito a dizer, mas que faltava coragem de encontrar sua própria alma.

A esta altura, ele não sabia se o que o tinha tornado fulgaz era a pressão do meio que o influenciava, ou sua própria incapacidade de reação. O menino de gestos fáceis e trejeitos misteriosos, tinha alma de Peter Pan.

Mas enfim, sentando-se à sombra da cerejeira, e com uma enorme nuvem cobrindo os raios solares, o garoto tendo a carta escrita pelo menino Coração de Leão em mãos, sentiu-se acolhido. As folhas que caíam da árvore eram como vagalumes que dançavam a seu redor.

Tomado por um espírito zombeteiro, o garoto desdobrou rapidamente o papel, e assim fitou-lhe os olhos, e passou a ler:



"Eu lamento não ter sido forte o suficiente, mas ao olhar pela janela, percebi que a neve havia cessado. O sol estava tímido e soprava um gélido vento, que me hipnotizava. Eu olhei para os lados e não a vi. Eu sei que você estava sozinha, mas eu também estava. Eu nunca pude ser quem realmente sou. Mas você... oohhh minha querida, você será sempre um sonho tatuado na minha alma. És corajosa e sempre será livre. Liberte seus demônios culposos. Mergulhe, corra e grite. Faça tudo que não tive coragem de fazer. Não serei um peso para você como fui para minha mãe. Nunca pude ser feliz, mas agora que arrancarei o mal que tanto arrebata as pessoas, do meu próprio peito, serei livre como você. Espero um dia poder ver seus olhos Cor-de-Rosa novamente, pois o brilho que me foi prometido, não passou de uma utopia.
Agora encerrarei esta história, não mais nos veremos, mas quero que saiba, que eu tive o melhor momento da minha vida, e devo tudo isso a você.
Minha linda, este coração que bateu somente por você, agora não baterá mais..."




Ao terminar a leitura, os vagalumes que ali estavam, rodeavam o garoto com Sapatos Vermelhos, que agora tinha em seu rosto uma lágrima e nada mais.

O jovem levantou-se, e mesmo sabendo que havia outra folha no envelope, dobro-a como antes estava, e deixou a carta onde a encontrou.

Ao afastar-se do local, o garoto sorriu. Ele ainda não sabia ao certo quem ele era, mas havia achado a saída do labirinto, e agora era muito claro pra ele, que essas eram duas coisas absolutamente diferentes.


O garoto encheu-se de coragem, e decidiu ser o que o fazia feliz.

E ao pintar seu primeiro quadro, não pôde jamais esquecer dos vagalumes que dançavam, quando ele foi feliz pela primeira vez.

18 comentários:

  1. Adorei a forma como brinca com a linguagem na hora de descrever o momento.. muito bom!

    ;D

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  2. adoreii amore, parabéns pelo blog!

    seguindo...

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  3. Voceê escreve bem, seguindo de volta :D
    http://namelessterror.blogspot.com/

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  4. pocha que massa!pq vc naum faz um livro com esses textos?tô falando sério!

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  5. Seguindo
    segue de volta
    http://diegoefaelgames.blogspot.com/

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  6. Nossa, que lindo isso aqui!
    Gostei muito da Parte III do conto e vou ler as anteriores!
    Muito bom seu blog, parabéns! (:
    Se puder, passa no meu: http://poeticadepensee.wordpress.com/
    xoxo

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  7. Bah que legal! Adorei!

    Estou te seguindo! :D

    Ana.
    (http://instantesblog.blogspot.com/)

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  8. Gostei do seu blog, parabéns! ;)
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  9. Show de bola brother.

    te seguindo.





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  10. Adorei muito,mesmo.A forma como escreve prende o leitor,achei muito bom :D

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  11. Ah *_*
    Muito boom o Blog hem?
    Parabéns
    http://cantinhocomtudo.blogspot.com/

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  12. D+ vc escreve muito bem, estou te seguindo, segue e comente o meu blog tbm!

    Leandro
    www.emquestao.org
    comente e siga!

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  13. Já estou aqui lendo tudo e seguindo! =)
    Grande Abraçooo

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  14. Como sempre, a sua redação é ótima!
    Eu nem sinto quanto estou lendo, sem palavras!

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Leia com atenção.
Não esquecendo que tudo é desenvolvido como poesia livre, seja uma crítica ou um ponto de vista.
Ninguém é obrigado a concordar, mas respeitar e ser sincero ajuda ^^