quinta-feira, 2 de maio de 2013

Eu sou... Clive B. Capítulo Décimo Sétimo: Revólver de Proficiência

O barulho era irreprodutível. Só posso chamá-lo de ensurdecedor. Talvez pela distância dada – a menos de dois pés -, ou pela aproximação ainda mais visceral com o destino traçado de berço. O cataclismo parecia cumprir-se. E a mão sangrenta da sina apertava a minha findando todos os pontos sem nós.


A visão foi escurecendo. Escureceu tanto que tudo ficou muito claro. Muito mais nítido do que jamais fora (é preciso de uma grande quantidade de sombras para que a luz evidencie-se).


Atropelado pelo trem das seis e meia, pude respirar fundo antes de amolecer.Meu rosto e todo lado direito do corpo chegara ao chão antes que minhas mãos (retardadas pelo efeito do tempo) pudessem me aparar. Tremeu! Meu coração badalou e suas catedrais anunciavam a última missa. Meus olhos seguiram o rumo do relâmpago – Uma bela procissão poética!


O vento vibrava ao pé do ouvido. Sussurrava minha canção de ninar preferida – Não tenha medo! – disse a voz. Seu final feliz beija-te a testa – continuou. E que lábios! (quentes e petrificantes).


A essa altura já contava as estrelas do teto e nadava pelas anotações da parede. O alterego das escalações temporais, animal selvagem, não-domesticável, aplicara suas lições e rabiscado os pilares. Tal selvageria entranhara-se em cada vestígio meu. E como um CD partido era agora uma porção de canções amaldiçoadas.


A arma do destino fora apontada em minha direção mas seu tiro também calou-se.

12 comentários:

  1. Bom dia! Tua narrativa é impactante! Parabéns!

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  2. Adorei a última frase do capítulo. Tantas vezes nos sentimos assim, com a arama da vida apontada em nossa direção e nada mais além do que o silêncio que grita por dentro. Um abraço!

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  3. Sempre igual a si próprio de uma profunda reflexão da própria vida ,um grande abraço Luis

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  4. Caro amigo

    Cada palavra
    que inspira
    nossa vida,
    acorda novos
    sentidos
    em nossa caminhada.

    Viver é acima de tudo,
    a arte de abraçar os sonhos.

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  5. FELIZ DIA DAS MÃES.
    Olá!!!, amei o seu blog ele é maravilhoso sucesso, Deus seja contigo, já estou te seguindo,OBRIGADO PELA VISITA,
    Curta e participe do meu blog e fan page.
    Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/

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  6. Não há escuridão maior que não possa gerar a mais bela luz.
    O renascimento é sempre precedido de um crepúsculo quase que infindo,mas,haverá manhãs..
    Agora,escuta-se a trombeta do juízo final..Mas,já consegues ver estrelas em seu teto;sentes o vento ao pé do ouvido,Estás vivo!

    Beijão,Paz!Dani.

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  7. Olá!Boa noite
    Luís Clive
    Se o ser humano é um agente livre, se temos escolhas, podemos ser responsabilizados por levar um tiro do destino , se o destino é predeterminado pelas leis da natureza e tudo não passa do resultado do que aconteceu logo antes, aí ninguém tem culpa do que faz , não merecemos levar um tiro.Este é um ponto, mas cabe ainda definir/ constatar que o homem, em muitos aspectos, tem sua vida determinada fora de seu domínio e associar imediatamente isto a um fardo é uma escolha, não uma decorrência necessária...
    Obrigado pela visita
    Boa semana
    Abraços

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  8. Adorei o texto!
    Gosto muito da sua narrativa. Ela é do tipo que prende a gente!!

    Estou postando um conto no meu blog!
    Acompanhe: http://universo-invisivel.blogspot.com.br/

    Beijussss;

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  9. Ola Luís,

    Gosto muito dos seus textos, sempre fala de si com muito conhecimento, tenho certeza que muitos que ainda não se conhecem muito bem, aprendem com o que você diz...
    O segredo da vida é equilíbrio...

    Ate mais !

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  10. Ninguém deveria tirar sua própria vida, assim como outra pessoa não tem poder para tirar a vida de ninguém.
    Gostei do seu texto, quero ler os outros capítulos, a história está interessantíssima.
    Claro que é uma ficção e ninguém tem esse poder, mas... Nesse caso, tem meu apoio para continuar a história.


    M&N

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  11. E amigo, estamos sempre levando tiros do destino.
    Cabe a nos desviá-los e tentar se safar das próximas vezes em que esses gatilhos forem acionados, disparados contra nos...Destino?
    Coincidência ou acaso...Não nos cabe aqui falar
    nesse momento...Beijos

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  12. Cruel ou doce? Talvez cruel e doce.
    Conheço a sensação, na época só senti paz, muita paz.
    Mais uma vez você penetra em nossas entranhas e atinge o inatingível, revela o que deveria ficar restrito, e esguicha emoção para todos os lados.
    Parabéns, desta vez foi curto, direto, contundente e conseguiu trazer de volta sentimentos incinerados e enterrados; é a vida.
    Até mais
    Nely

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Leia com atenção.
Não esquecendo que tudo é desenvolvido como poesia livre, seja uma crítica ou um ponto de vista.
Ninguém é obrigado a concordar, mas respeitar e ser sincero ajuda ^^