O barulho era irreprodutível. Só posso chamá-lo de ensurdecedor. Talvez pela distância dada – a menos de dois pés -, ou pela aproximação ainda mais visceral com o destino traçado de berço. O cataclismo parecia cumprir-se. E a mão sangrenta da sina apertava a minha findando todos os pontos sem nós.
A visão foi escurecendo. Escureceu tanto que tudo ficou muito claro. Muito mais nítido do que jamais fora (é preciso de uma grande quantidade de sombras para que a luz evidencie-se).
Atropelado pelo trem das seis e meia, pude respirar fundo antes de amolecer.Meu rosto e todo lado direito do corpo chegara ao chão antes que minhas mãos (retardadas pelo efeito do tempo) pudessem me aparar. Tremeu! Meu coração badalou e suas catedrais anunciavam a última missa. Meus olhos seguiram o rumo do relâmpago – Uma bela procissão poética!
O vento vibrava ao pé do ouvido. Sussurrava minha canção de ninar preferida – Não tenha medo! – disse a voz. Seu final feliz beija-te a testa – continuou. E que lábios! (quentes e petrificantes).
A essa altura já contava as estrelas do teto e nadava pelas anotações da parede. O alterego das escalações temporais, animal selvagem, não-domesticável, aplicara suas lições e rabiscado os pilares. Tal selvageria entranhara-se em cada vestígio meu. E como um CD partido era agora uma porção de canções amaldiçoadas.
A arma do destino fora apontada em minha direção mas seu tiro também calou-se.
Bom dia! Tua narrativa é impactante! Parabéns!
ResponderExcluirAdorei a última frase do capítulo. Tantas vezes nos sentimos assim, com a arama da vida apontada em nossa direção e nada mais além do que o silêncio que grita por dentro. Um abraço!
ResponderExcluirSempre igual a si próprio de uma profunda reflexão da própria vida ,um grande abraço Luis
ResponderExcluirCaro amigo
ResponderExcluirCada palavra
que inspira
nossa vida,
acorda novos
sentidos
em nossa caminhada.
Viver é acima de tudo,
a arte de abraçar os sonhos.
FELIZ DIA DAS MÃES.
ResponderExcluirOlá!!!, amei o seu blog ele é maravilhoso sucesso, Deus seja contigo, já estou te seguindo,OBRIGADO PELA VISITA,
Curta e participe do meu blog e fan page.
Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/
Não há escuridão maior que não possa gerar a mais bela luz.
ResponderExcluirO renascimento é sempre precedido de um crepúsculo quase que infindo,mas,haverá manhãs..
Agora,escuta-se a trombeta do juízo final..Mas,já consegues ver estrelas em seu teto;sentes o vento ao pé do ouvido,Estás vivo!
Beijão,Paz!Dani.
Olá!Boa noite
ResponderExcluirLuís Clive
Se o ser humano é um agente livre, se temos escolhas, podemos ser responsabilizados por levar um tiro do destino , se o destino é predeterminado pelas leis da natureza e tudo não passa do resultado do que aconteceu logo antes, aí ninguém tem culpa do que faz , não merecemos levar um tiro.Este é um ponto, mas cabe ainda definir/ constatar que o homem, em muitos aspectos, tem sua vida determinada fora de seu domínio e associar imediatamente isto a um fardo é uma escolha, não uma decorrência necessária...
Obrigado pela visita
Boa semana
Abraços
Adorei o texto!
ResponderExcluirGosto muito da sua narrativa. Ela é do tipo que prende a gente!!
Estou postando um conto no meu blog!
Acompanhe: http://universo-invisivel.blogspot.com.br/
Beijussss;
Ola Luís,
ResponderExcluirGosto muito dos seus textos, sempre fala de si com muito conhecimento, tenho certeza que muitos que ainda não se conhecem muito bem, aprendem com o que você diz...
O segredo da vida é equilíbrio...
Ate mais !
Ninguém deveria tirar sua própria vida, assim como outra pessoa não tem poder para tirar a vida de ninguém.
ResponderExcluirGostei do seu texto, quero ler os outros capítulos, a história está interessantíssima.
Claro que é uma ficção e ninguém tem esse poder, mas... Nesse caso, tem meu apoio para continuar a história.
M&N
E amigo, estamos sempre levando tiros do destino.
ResponderExcluirCabe a nos desviá-los e tentar se safar das próximas vezes em que esses gatilhos forem acionados, disparados contra nos...Destino?
Coincidência ou acaso...Não nos cabe aqui falar
nesse momento...Beijos
Cruel ou doce? Talvez cruel e doce.
ResponderExcluirConheço a sensação, na época só senti paz, muita paz.
Mais uma vez você penetra em nossas entranhas e atinge o inatingível, revela o que deveria ficar restrito, e esguicha emoção para todos os lados.
Parabéns, desta vez foi curto, direto, contundente e conseguiu trazer de volta sentimentos incinerados e enterrados; é a vida.
Até mais
Nely