sábado, 7 de maio de 2011

Quais suas Experiências?

Já me joguei numa piscina, desejando não voltar.
Já deitei na grama e assisti a lua virar sol.
Já observei a cidade de cima, e não achei o meu lugar nela.
Já me apaixonei e pensei que seria para sempre, mas o para sempre foi um para sempre pela metade.
Já fiquei olhando as estrelas e pescando sonhos.
Já bebi whisky até não sentir mais meus lábios.
Já apostei corrida, descalço no asfalto.
Já entreguei flores, e com elas, a esperança de um desamor.
Já me senti sozinho, rodeado de milhares de pessoas.
Já acordei durante a noite, e tive medo.
Já gritei de felicidade.
Já chorei perdas imensuráveis.
Já lamentei a falta de amigos que se foram.
Já me questionei motivos para ainda sorrir.
Já tive o coração partido, e parti tantas outros.
Já durmi ao volante, com a intenção de não mais acordar.
Já desejei seguir diversas profissões, e hoje entendi que por traz delas diversos sonhos se afogam.
Já roubei uma flor, num imenso jardim.
Já mutilei meus pulsos, tentando arrancar deles marcas que selam minha alma.
Já me senti o garoto mais feio do mundo, e nunca superei o complexo de patinho feio.
Já me senti um covarde, ao gaguejar na frente do espelho em treinos de conversas que nunca existiram.
Já fugi, briguei, insisti e enfureci.
Já esnobei, com um complexo de Napoleão.
Já me arrependi e era tarde pra me desculpar.
Já recusei desculpas porque era tarde pra se arrepender.
Já experimentei todas as drogas, e a que mais gostei foi a música.
Já dormi ao som de uma trilha sonora triste.
Já fui a um funeral, e não senti nada.
Já fui beijado, e não senti nada.
Já sucumbi aos meus sentimentos, e me arrependi.
Já fiz sexo sem compromisso e não me arrependi.
Já tive vontade de matar!
Já me senti morto.
Já quis viver para sempre, para entender a humanidade.
Já condenei a todos por minhas infelicidades.
Já julguei precipitadamente e já fui julgado tarde demais.
Já estive no meio do deserto, sozinho, e senti teu perfume.
Já quis morrer, e assim matei parte de mim.
Já quis viver mais...e vivi!






E hoje, preso a essa madrugada, escrevo, sozinho, como sempre estive. Explicando de forma subjetiva tudo que já senti e tudo que denovo sentirei.

E ao ler e reler, indignado, à pergunta sobre quais minhas experiências de vida, deixo a seguinte indagação:

--Como posso ter experiência alguma, se tudo o tempo todo está em transformação e nada volta a ser como era?

2 comentários:

  1. Excelente, o poema!
    Cada linha me desperta uma lembrança...
    [algumas das quais eu gostaria de não lembrar]
    XD

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  2. Faço das palavras de Raphaél, minhas palavras.
    A cada linha uma lembrança.

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Leia com atenção.
Não esquecendo que tudo é desenvolvido como poesia livre, seja uma crítica ou um ponto de vista.
Ninguém é obrigado a concordar, mas respeitar e ser sincero ajuda ^^