Eu vivo em 5 minutos. Sem muito o que dizer, só desenho o epitáfio erguido. Meu horizonte é noturno, eu vejo as bailarinas mergulharem do céu com o voo das corujas. As folhas enrijecem a lápide do outono. Minha vida é diário bumerangue. Trechos vazados de mil canções enfim, sem Cd, sem discoteca. Meus álbuns morrem nas prateleiras de bibliotecas quaisquer.
Por 5 minutos... Eu amo o barulho da construção, os arranha-céus que perfuram o miocárdio e as lagartixas que surfam na cozinha. Minhas paixões são rotacionais, reacionárias. Incêndio planejado, sussurro de deboche.
Pouco menos de 3 minutos e meio. Tu não gastas isso para ler, mas sim para viver. Não me elogie. A sua leitura é a minha vida. Tu me escreve enquanto eu te desenho. Eu te rasgo para poder te colar, e dessa vez nem os 2 minutos finais te farão me amar novamente, mas ainda assim eu chego mais perto, com meu sorriso comprado no boteco da esquina e te sirvo uma tequila.
Tu faz dos meus lábios o limão e o sal. Sou barman da tua beira de estrada. Cigano da tua astrologia fajuta. Por 1 minuto e meio eu te juro planetas desconhecidos, te convido pra festas de Baco e ainda alugo um flete pro nosso casamento. Cerimônia feita. O cuspe dele parecia sangue - tu sussurra. Apontando pro cerimonialista - Uma víbora de meia-idade que tosse os estragos de sábado passado.
Um brinde! 30 segundos finais. Eu arranco tua moeda, atiro contra a parede. Desafio mental lançado. Nossas mãos entrelaçam-se, como ritualistas que acreditamos ser e pagamos com nossas vidas pela vida toda que eu te planejei. Tu é viajante, boa companhia, mergulha na minha overdose e lambe meus restos.
Tu chega perto, morde meu estômago e as luzes da bailarina (aquela, voadora, linda, borboletal (cof cof) ), focam em mim. As hélices param de girar, o poeta adormece, cansado. E tu aí dançando no tempo e me reinventando com os olhos, nesse silêncio, nessa amargura, nessa ironia, nesse desinteresse.
Tu arranca meu relógio.
Beija-o.
Fim de jogo.
Por enquanto!
Interessante a contagem do tempo no seu conto, pois somos filhos da pressa. Estava lendo e percebi que já estava atrasado para sair para o trabalho e a leitura me prendeu. Tou sem tempo. Tchau. Abçs.
ResponderExcluirSempre maravilhoso como escreve a vida e assim mesmo um correpio de momentos sucessivos ate a exaustão momentania do corpo ,lindas palavras Clive,um abraço
ResponderExcluirSempre duma forma muito criativa de escrever. O tempo passa rápido ao ler o que escreves.
ResponderExcluirClive B sendo reinventado..Game over!Ah,esquecendo que é por enquanto..
ResponderExcluirNessa vida,uma boa companhia até que vale a pena..Mas que não demore chegar o que nos substancial..Sempre digo isso..É o que realmente nos importa,para cessar todas as nossas cóleras.
Beijão,Paz!Dani.
Adorei seu conto,muito criativo
ResponderExcluirTambém gosto de ver escritores,que escrevem com a alma.
Obrigada da visita e comentário
abraços
Carmen Lúcia-mamymilu.blogspot.com
_Um brinde! 30 segundos finais. Eu arranco tua moeda...Uma beleza de texto, faz o leitor tentar interpretar cada linha indo aos poucos ivendo os delírios do escritor, gosto muiiito de andar por aqui, pra ti guri um gauchesco abraço tchê...
ResponderExcluirOi Luís
ResponderExcluirMama mia...garoto!
Em menos de 5 segundos dão pra matar e morrer.
Sua criatividade aguça meus neurônios.
Beijos
Lua Singular
Oi Luiz
ResponderExcluirUm conto primoroso e instigante. Parabéns!
Um abraço
Gracita
Nossa que profundo* adorei seu blog
ResponderExcluirhttp://fabiolucas92.blogspot.com.br/
Sem palavras para o seu texto. Esccreves tão bem, envolve-nos na leitura de tal forma que é impossível parar de ler.
ResponderExcluirMaravilhoso !
http://mylife-rapha.blogspot.com
Caramba, você deveria juntar todos esses contos e procurar uma editora, é sério, você escreve muito. Não canso de dizer isso.
ResponderExcluirhttp://realidadecaotica.blogspot.com.br/
Oi Luiz, vim agradecer sua visita e parabenizá-lo por mais um maravilhoso conto. Concordo, você deveria editar um livro e com certeza faria sucesso. Vá em frente menino o teu talento vai longe!! Abraçosss
ResponderExcluirSociedade Secreta?
ResponderExcluirhttp://diaanasantos.blogspot.pt/2013/08/sociedade-secreta.html
Dá uma vista de olhos *
Obrigada :)
Um conto curto que reputo de muito bem conseguido!
ResponderExcluirSaudações poéticas!
Gostei da forma como o tempo passa.
ResponderExcluirParabéns pelo belo texto. Abraços
"...eu te peço: por favor, so mais trinta segundos e farei com que você acredite nos sonhos, na beleza das melodias que canto, nas letras enraizadas na sinfonia que, com certo
ResponderExcluircuidado, te acalento, te encanto...Sim...imploro
por mais vinte segundos e te mostrarei uma vida
nova, repleta de canções, historias, ilusões...Com mais vinte segundos, serei tua amiga
sincera, farei você desabafar, contar teus segredos, mais puros ou insanos...E quando restar
apenas dez segundos...entenderás porque insisto tanto em te procurar, te ler, te admirar...Serei como a agua e o fogo, irei te limpar, te deixar
puro como quando nasceu...santo!"
Adorei e me empolguei. Você causa isso em mim.
Abraços e continue...adoro te ler.
Luis,
ResponderExcluiro tempo agiliza a sua narrativa aqui, parece ato dividido em cenas.
Fiquei imaginando como seria lábios feitos com limão e sal. Deve arder...
Beijos
Caro amigo
ResponderExcluirHá palavras
que parecem
redemoinhos
nas vidas
de quem as lê...
Que a alegria dance
em tua vida apaixonadamente.
Olá!Boa noite
ResponderExcluirLuís Clive
Intrigante e instigante como sempre...
...seres humanos são criaturas capazes de pensar o tempo. E sendo aquele que reinventa o tempo, ele cria um espaço-tempo onde se pode entrar, como se entrasse em uma máquina mágica e pudesse ele mesmo ampliar suas dimensões internas com o seu imaginário.Viver no tempo, portanto, é de alguma maneira uma condenação dos indivíduos que têm consciência...Tudo está numa balança. Não passam de questão de opinião, tudo é medido pelo ângulo em que é visto, para no fim, eleger a solidão como justificativa para o tempo andar ou não andar , pois ficam presos a determinados arquivos emocionais.... e essa guerra interior é uma das piores que pode haver pois não há escudo para buscar, é o nosso eu contra si mesmo.Só resolve com... ah, as companhias… certamente, todos nós, em algum momento de nossas vidas, já nos sentimos solitários, com esta sensação de falta e uma boa companhia até que vale a pena..e que a bailarina não demore todo o tempo para chegar, entender e dançar...
Obrigado pelo carinho da visita
Bela semana
Abraços
Uma montanha russa de emoções e encontros programados, onde quem comanda o tempo é o onipotente autor dos fatos.
ResponderExcluirInteligente como o escritor.Abraços calorosos do leitor de longa data.:-BYJOTAN.
Foi uma correria de emoções que valeram a pena.
ResponderExcluirUm tecido de entrelaçados laços, de uma beleza fantástica.
Obrigada por conhecer tal autor!
Abraço
5 minutos incríveis! parabens pelo texto! muito bom! abs
ResponderExcluirOlá Luís, vim agradecer sua visita e felicitações pelo dia do professor, obrigada!!!.
ResponderExcluirQuerido, mais um lindo conto, muito brm escrito e com frases profundas como por exemplo:Eu sou meio Clive, e durante o dia, hipérbole de rádiofrequência. Um projeto amador de desafio... Somos desafiados a cada dia, a vida é um dasafio, por isso temos que ser um pouco Clive, e um pouco louco para não pirar de vez.
Parabéns!! Abraços