Eu sou a máquina ininterrupta dos versos. Fatiador de poemas, sou fluxo sanguíneo de hemáceas falidas, e minhas artérias bombeiam um jogo de esgrima fálico e sombrio. Construtor das vozes, sou maestro da minha marcha fúnebre, e recupero os versos facínoras da minha esquerda revoltosa, e realinho os ponteiros e os caracteres. Sou político da minha essência, filósofo moderador do tempo.
Bandido de causa perdida, eu sou Clive: apenas um retrato almejado e uma fotografia já alcançada. Uma resposta sem pergunta, e um questionamento constante de tudo o que eu não posso ser. Antítese do meu próprio eu, sou um diário violado. Um violão reafinado pelas cordas do tempo. Sou a série de vestígios datados do que não vivo, plateia da quintessência dinamizada.
Eu sou meio Clive, e durante o dia, hipérbole de rádiofrequência. Um projeto amador de desafio. Amante das anti-coisas, anti-herói de natureza. Falador de nada, mas sexualmente voraz e tagarela.
Eu vivo sem as regras corretas, e imagino o mundo como capítulos resenhados instantaneamente. Eu beijo o asfalto molhado, e deito com a sangria dos vagalumes. Quando eu to meio Clive, eu só assovio os ventos do norte, e escalo as nevascas montanhescas da tua pele. Lagarteando o sol das 3 da tarde, te beijo escondido, porque afinal de contas, tudo termina assim, no beijo.
Esse início que nunca acontece. Eu corro direto pra última dança, o abraço da despedida. O beijo mordido, a saliva incandescente. Eu te abandono por 1 mês para te amarrar pelo resto das madrugadas. E lá está, uma vez mais, a mesma conversa, as mesmas palavras, e o mesmo não-eu.
Acorrentado pelas desinências de um caráter prolixo, vítima de um pleonasmo culposo de índole variável. Falante inventor das bordas de meio-fio, leio os aromas dos teus olhos e te convido pras banalidades da minha levianidade.
Tu chega mais perto, lambe o contorno lobular da minha boca e aproveita o teu sabor preferido: Lábio de alcaçuz com ameixa.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
Intervalo...: Bilhete Encontrado na Jaqueta de Clive:
Se você tem um pedaço de mim, queime-o antes que ele lhe devore.
Eu sei, as promessas estão tão fugazes quanto o intervalo do cinema. Mas eu aproveito o escuro, e te beijo com um cubo de gelo entre os dentes. Do pátio da tua casa, reviramos as selvas inóspitas do teu aconchego, e visto, e revisto tuas camisolas com o meu coturno 39. Tu é meu fetiche da infância, e enquanto eles correm lá fora, nós fazemos cabana com os lençóis (e que histórias para contar!).
Eu já não me importo com esse deslize relapso. Eu reconstruo tua beleza, traçando (e te traçando!) versículos apagados do último livro que eu tentara começar. Teu olhar me cega, tu recusas meu amor vagabundo, minha sinfonia bagaceira e desmerecida, e enfia os fones no teu ouvido. Te tranca pra mim, te esconde nos sons ébrios da tua memória que eclodem um desarranjado grito: "Diz que não!".
Mas, meu bem, nós dois sabemos que a resposta é sempre 'sim'.
Eu sei, as promessas estão tão fugazes quanto o intervalo do cinema. Mas eu aproveito o escuro, e te beijo com um cubo de gelo entre os dentes. Do pátio da tua casa, reviramos as selvas inóspitas do teu aconchego, e visto, e revisto tuas camisolas com o meu coturno 39. Tu é meu fetiche da infância, e enquanto eles correm lá fora, nós fazemos cabana com os lençóis (e que histórias para contar!).
Eu já não me importo com esse deslize relapso. Eu reconstruo tua beleza, traçando (e te traçando!) versículos apagados do último livro que eu tentara começar. Teu olhar me cega, tu recusas meu amor vagabundo, minha sinfonia bagaceira e desmerecida, e enfia os fones no teu ouvido. Te tranca pra mim, te esconde nos sons ébrios da tua memória que eclodem um desarranjado grito: "Diz que não!".
Mas, meu bem, nós dois sabemos que a resposta é sempre 'sim'.
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Eu sou... Clive B. Capítulo Vigésimo Primeiro - Faz Meu Mapa Astral Que Eu Te Compro Uma Bailarina:
Eu vivo em 5 minutos. Sem muito o que dizer, só desenho o epitáfio erguido. Meu horizonte é noturno, eu vejo as bailarinas mergulharem do céu com o voo das corujas. As folhas enrijecem a lápide do outono. Minha vida é diário bumerangue. Trechos vazados de mil canções enfim, sem Cd, sem discoteca. Meus álbuns morrem nas prateleiras de bibliotecas quaisquer.
Por 5 minutos... Eu amo o barulho da construção, os arranha-céus que perfuram o miocárdio e as lagartixas que surfam na cozinha. Minhas paixões são rotacionais, reacionárias. Incêndio planejado, sussurro de deboche.
Pouco menos de 3 minutos e meio. Tu não gastas isso para ler, mas sim para viver. Não me elogie. A sua leitura é a minha vida. Tu me escreve enquanto eu te desenho. Eu te rasgo para poder te colar, e dessa vez nem os 2 minutos finais te farão me amar novamente, mas ainda assim eu chego mais perto, com meu sorriso comprado no boteco da esquina e te sirvo uma tequila.
Tu faz dos meus lábios o limão e o sal. Sou barman da tua beira de estrada. Cigano da tua astrologia fajuta. Por 1 minuto e meio eu te juro planetas desconhecidos, te convido pra festas de Baco e ainda alugo um flete pro nosso casamento. Cerimônia feita. O cuspe dele parecia sangue - tu sussurra. Apontando pro cerimonialista - Uma víbora de meia-idade que tosse os estragos de sábado passado.
Um brinde! 30 segundos finais. Eu arranco tua moeda, atiro contra a parede. Desafio mental lançado. Nossas mãos entrelaçam-se, como ritualistas que acreditamos ser e pagamos com nossas vidas pela vida toda que eu te planejei. Tu é viajante, boa companhia, mergulha na minha overdose e lambe meus restos.
Tu chega perto, morde meu estômago e as luzes da bailarina (aquela, voadora, linda, borboletal (cof cof) ), focam em mim. As hélices param de girar, o poeta adormece, cansado. E tu aí dançando no tempo e me reinventando com os olhos, nesse silêncio, nessa amargura, nessa ironia, nesse desinteresse.
Tu arranca meu relógio.
Beija-o.
Fim de jogo.
Por enquanto!
Por 5 minutos... Eu amo o barulho da construção, os arranha-céus que perfuram o miocárdio e as lagartixas que surfam na cozinha. Minhas paixões são rotacionais, reacionárias. Incêndio planejado, sussurro de deboche.
Pouco menos de 3 minutos e meio. Tu não gastas isso para ler, mas sim para viver. Não me elogie. A sua leitura é a minha vida. Tu me escreve enquanto eu te desenho. Eu te rasgo para poder te colar, e dessa vez nem os 2 minutos finais te farão me amar novamente, mas ainda assim eu chego mais perto, com meu sorriso comprado no boteco da esquina e te sirvo uma tequila.
Tu faz dos meus lábios o limão e o sal. Sou barman da tua beira de estrada. Cigano da tua astrologia fajuta. Por 1 minuto e meio eu te juro planetas desconhecidos, te convido pra festas de Baco e ainda alugo um flete pro nosso casamento. Cerimônia feita. O cuspe dele parecia sangue - tu sussurra. Apontando pro cerimonialista - Uma víbora de meia-idade que tosse os estragos de sábado passado.
Um brinde! 30 segundos finais. Eu arranco tua moeda, atiro contra a parede. Desafio mental lançado. Nossas mãos entrelaçam-se, como ritualistas que acreditamos ser e pagamos com nossas vidas pela vida toda que eu te planejei. Tu é viajante, boa companhia, mergulha na minha overdose e lambe meus restos.
Tu chega perto, morde meu estômago e as luzes da bailarina (aquela, voadora, linda, borboletal (cof cof) ), focam em mim. As hélices param de girar, o poeta adormece, cansado. E tu aí dançando no tempo e me reinventando com os olhos, nesse silêncio, nessa amargura, nessa ironia, nesse desinteresse.
Tu arranca meu relógio.
Beija-o.
Fim de jogo.
Por enquanto!
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Eu sou... Clive B. Capítulo Vigésimo - Teu Chiclete É Meu Caboom TechnoHouse:
Só mais uma vez - sussurrei. E junto disso, um gemido se espremeu pelos meus lábios (hoje, poderia apostar que o sussurro não foi sonoro. Deve ter fica enjaulado na mente). Sua mão escorrega por dentro da minha calça. Tu trabalha toda a física quântica do meu corpo, como estudioso que é há tempos. E dessa vez, por incrível que pareça, eu permito ser levado. Afobado logo devoro tua roupa, e comprimo meus caninos aguçados no teu pescoço vibrante. Arranco o arrepio da tua pele à força.
Em trajes íntimos, despistamos os romances da década de 40 e ignoramos os sons do Bang Bang mexicano que está no último volume na tevê do quarto ao lado. Lambendo-me tu logo descobre uma nova América e te apaixona pela rebeldia dos colonizadores. Minha alma trancafiada num Tunts Tunts de duas noites atrás te convida pra entrar. Algemado, vítima que caiu na armadilha, é como te consumo.
Pela última vez - Eu digo. Dessa vez um grito desafinado, que realmente foi pronunciado. Mas eu repito o engano. Últimas vezes constantes que se intercalam nas noites vazias. Tu és comprimido de felicidade. Minha ressaca literária. Eu te escrevo e te reconfiguro por mero capricho, excitação momentânea. Depois te descarto, elimino dos meus quadros de sala.
Expulso. Retirado da caixa de brinquedos da infância, não se adequa ao tempo nem ao espaço. Amargo demais, te devolvo ao nada. Sua diabete me perfura o baço. E em questão de segundos, a cena suja do pop nova iorquino já se alastra pela minha cama de novo. Maldito sábado!
Só mais essa vez vou estourar seu chiclete. E na dança pervertida das tuas boas intenções eu te peguei. Lagarto que desafia o deserto, tu és madrugada de prata pro meu coração vampiresco.
terça-feira, 2 de julho de 2013
Bring Me The Killers _\m/
Saindo da minha prisão e eu estou indo muito bem. Devo estar desanimado porque eu queria tudo isso. começou com um beijo, como foi terminar assim?
Nadando por loucas canções de ninar, sufocando-me em suas justificativas.
Mas é apenas o preço que eu pago. O destino está me chamando.
Abro meus olhos ansiosos. Porque eu sou o Sr. Otimismo.
De volta.
Nadando por loucas canções de ninar, sufocando-me em suas justificativas.
Mas é apenas o preço que eu pago. O destino está me chamando.
Abro meus olhos ansiosos. Porque eu sou o Sr. Otimismo.
De volta.
sábado, 8 de junho de 2013
Eu sou... Clive B. Capítulo Décimo Nono - Tua Felicidade É Meu Infarto Fulminante:
As horas passaram. Perdemos o trem e nossas passagens perderam o valor. De que adianta o final bonito se todo o caminho pra alcançá-lo foi desonroso? - Eu te pergunto.
Sem uma resposta imediata, prossigo. Meu pote de ouro tá bem aqui. Logo no início. Sem arcos, sem íris.
Tu chegas perto do chafariz. Agacha-se pra olhar no espelho d'água. Teu rosto tá manchado. A maquiagem ainda não saiu por completo. Tu esfrega as bochechas com um pouco de saliva pra tirar o tom corado (falso) que aplicara. Eu sento do outro lado do chafariz, vendo a corrocinha de algodão doce passar. Tudo passa.
Eu leio tua mente. Decifro tuas mãos inquietas. A vontade de me atacar é tão perceptível que logo o aroma desse feromônio exala dos teus lábios. Tu és caçador. Eu visito teu quarto, te trago minhas bobagens e anoto teus olhos pra depois guardá-los no meu violão.
Tuas mentiras são sutis. Eu quase não as percebo. Sorrio e tiro a roupa. Faço sexo com seus lábios, bem diante de todos. Na escada, no hospital, no meio da praça. No restaurante tu passa por mim. Atropela-me, sussurro. Não te conheço. Nunca nos frequentamos. Mas os banheiros de bares sujos logo nos desmentem.
Tu te aproxima. Senta ao meu lado almejando afogar-me ali mesmo. Passam milhares de hipóteses. Tu até fez uma lista delas no diário que finge não mais usar. Toda noite acrescenta à lista uma ou duas maneiras de me torturar. Devolver o mal que eu te causo. Tuas lágrimas são as exclamações.
Mas não mata. Eu te levo pro motel mais barato. Deitamos. Minhas botas te incomodam. Te recusas a olhar o espelho do teto. Eu fico vidrado. Fissurado nos lençóis. Logo tu imagina como seria me sufocar ali mesmo. Com o travesseiro no meu rosto pra sentir meu oxigênio pedindo socorro. Eu to muito chapado pra me defender. Eu sou caça.
Logo teu sorriso nasce. Tu me oferece um drink. Recheia ele com analgésicos e anti-inflamatórios. Mistura tudo muito bem. Pra quê? Eu pergunto. Tu estás preocupada. Sei que essa é a resposta. Tu me beija. Teus lábios escorregam.
Adormeço. Tu termina o serviço. Sozinha.
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Eu sou... Clive B. Capítulo Décimo Oitavo: Se A Vida Me Desse Um Mapa, Era Com Você Que Eu Gostaria De Me Perder...
Na vida, a gente escolhe em que acreditar!
Dizendo isto, a profecia parecia cumprir-se. Claro, essa não era a resposta que eu precisava, mas isto soou tão bem que eu nem questionei. Cheguei mais perto, passei meu braço por sobre seus ombros delicados e escorei a cabeça junto a dela. O frio fazia aquela 'fumaça' sair de nossas bocas, enquanto tragávamos o silêncio. Pensei em dizer algo inteligente, talvez até filosófico. Mas o que saiu foi "essa droga de vida é culpa tua!". Mais uma pausa. Nem a olhei. Não precisava. Sabia que suas bochechas estariam coradas e seus dentes rangeriam como escape para evitar o fluxo descontrolado de xingamentos que viria. Ela sempre foi superior. Tudo o que eu queria era a briga seguinte, que não aconteceu. Pela primeira vez senti que concordamos.
Culpar alguém por suas más escolhas é ridículo, eu sei. Nem mesmo pedi pra que você estivesse lendo isso agora. Então se quiser, pare. Volte. Pense bem: O que histórias de um condenado podem te acrescentar positivamente? Sou só um cão vagabundo, sem dono, sem rumo. E aqui nem tem poesias ou histórinhas de amor pra te envolver. Na boa, pode desistir. Eu só vivo as más escolhas, porque cheguei atrasado pras boas.
Ela então deitou-se, e meu corpo se sentiu na obrigação de acompanhar o movimento. Culpa da gravidade, vocês sabem. Minha mão esquerda escorregou para sua coxa, e em seguida para a virilha. Sua respiração ofegante e sem ritmo foi o julgamento que eu precisava. Diria que sob tais estrelas, sozinhos naquela imensidão, tinha tudo pra ser romântico. Exceto o frio e a coceira que a grama causou.
E todas as vidas são assim. Fumegantes, apaixonadas. Você pode escolher acreditar na luz, no sol, no mar. Você pode se enganar. Eu acredito e acolho essa solidão que o mundo nos prepara e envia. E quando tem algum terremoto, não é o chão quem treme. Mas sim o resto todo do mundo. A convicção é apenas o primeiro passo. Depois dela, depois que realmente passa-se a crer nas coisas, quando não existem mais possibilidades, apenas fatos, a vida desmaia também. Nem eu poderia penetrá-la, saciá-la, excitá-la. A vida prefere o desacreditar da gente, as batidas de dedo nos móveis, o dia chuvoso sem guarda-chuva, o infarto fulminante.
E o bom mesmo foram as desculpas que eu não precisei dar. Ela já me conhece. Sabe até onde eu iria. Sem forçar barra alguma, ela levantou-se e vagou, sozinha. Permitiu que nossa paixão continuasse. Ela lá e eu por aí. Não precisei ser rude, nem gritar. Sequer precisou ler minha mente. Ela sim, me ama.
E eu lá, deitado, com o zíper aberto, os olhos vidrados e passando frio. "Droga" balbuciei. Devia ter pego seu casaco emprestado. Isso sim é amor!
Dizendo isto, a profecia parecia cumprir-se. Claro, essa não era a resposta que eu precisava, mas isto soou tão bem que eu nem questionei. Cheguei mais perto, passei meu braço por sobre seus ombros delicados e escorei a cabeça junto a dela. O frio fazia aquela 'fumaça' sair de nossas bocas, enquanto tragávamos o silêncio. Pensei em dizer algo inteligente, talvez até filosófico. Mas o que saiu foi "essa droga de vida é culpa tua!". Mais uma pausa. Nem a olhei. Não precisava. Sabia que suas bochechas estariam coradas e seus dentes rangeriam como escape para evitar o fluxo descontrolado de xingamentos que viria. Ela sempre foi superior. Tudo o que eu queria era a briga seguinte, que não aconteceu. Pela primeira vez senti que concordamos.
Culpar alguém por suas más escolhas é ridículo, eu sei. Nem mesmo pedi pra que você estivesse lendo isso agora. Então se quiser, pare. Volte. Pense bem: O que histórias de um condenado podem te acrescentar positivamente? Sou só um cão vagabundo, sem dono, sem rumo. E aqui nem tem poesias ou histórinhas de amor pra te envolver. Na boa, pode desistir. Eu só vivo as más escolhas, porque cheguei atrasado pras boas.
Ela então deitou-se, e meu corpo se sentiu na obrigação de acompanhar o movimento. Culpa da gravidade, vocês sabem. Minha mão esquerda escorregou para sua coxa, e em seguida para a virilha. Sua respiração ofegante e sem ritmo foi o julgamento que eu precisava. Diria que sob tais estrelas, sozinhos naquela imensidão, tinha tudo pra ser romântico. Exceto o frio e a coceira que a grama causou.
E todas as vidas são assim. Fumegantes, apaixonadas. Você pode escolher acreditar na luz, no sol, no mar. Você pode se enganar. Eu acredito e acolho essa solidão que o mundo nos prepara e envia. E quando tem algum terremoto, não é o chão quem treme. Mas sim o resto todo do mundo. A convicção é apenas o primeiro passo. Depois dela, depois que realmente passa-se a crer nas coisas, quando não existem mais possibilidades, apenas fatos, a vida desmaia também. Nem eu poderia penetrá-la, saciá-la, excitá-la. A vida prefere o desacreditar da gente, as batidas de dedo nos móveis, o dia chuvoso sem guarda-chuva, o infarto fulminante.
E o bom mesmo foram as desculpas que eu não precisei dar. Ela já me conhece. Sabe até onde eu iria. Sem forçar barra alguma, ela levantou-se e vagou, sozinha. Permitiu que nossa paixão continuasse. Ela lá e eu por aí. Não precisei ser rude, nem gritar. Sequer precisou ler minha mente. Ela sim, me ama.
E eu lá, deitado, com o zíper aberto, os olhos vidrados e passando frio. "Droga" balbuciei. Devia ter pego seu casaco emprestado. Isso sim é amor!
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Eu sou... Clive B. Capítulo Décimo Sétimo: Revólver de Proficiência
O barulho era irreprodutível. Só posso chamá-lo de ensurdecedor. Talvez pela distância dada – a menos de dois pés -, ou pela aproximação ainda mais visceral com o destino traçado de berço. O cataclismo parecia cumprir-se. E a mão sangrenta da sina apertava a minha findando todos os pontos sem nós.
A visão foi escurecendo. Escureceu tanto que tudo ficou muito claro. Muito mais nítido do que jamais fora (é preciso de uma grande quantidade de sombras para que a luz evidencie-se).
Atropelado pelo trem das seis e meia, pude respirar fundo antes de amolecer.Meu rosto e todo lado direito do corpo chegara ao chão antes que minhas mãos (retardadas pelo efeito do tempo) pudessem me aparar. Tremeu! Meu coração badalou e suas catedrais anunciavam a última missa. Meus olhos seguiram o rumo do relâmpago – Uma bela procissão poética!
O vento vibrava ao pé do ouvido. Sussurrava minha canção de ninar preferida – Não tenha medo! – disse a voz. Seu final feliz beija-te a testa – continuou. E que lábios! (quentes e petrificantes).
A essa altura já contava as estrelas do teto e nadava pelas anotações da parede. O alterego das escalações temporais, animal selvagem, não-domesticável, aplicara suas lições e rabiscado os pilares. Tal selvageria entranhara-se em cada vestígio meu. E como um CD partido era agora uma porção de canções amaldiçoadas.
A arma do destino fora apontada em minha direção mas seu tiro também calou-se.
A visão foi escurecendo. Escureceu tanto que tudo ficou muito claro. Muito mais nítido do que jamais fora (é preciso de uma grande quantidade de sombras para que a luz evidencie-se).
Atropelado pelo trem das seis e meia, pude respirar fundo antes de amolecer.Meu rosto e todo lado direito do corpo chegara ao chão antes que minhas mãos (retardadas pelo efeito do tempo) pudessem me aparar. Tremeu! Meu coração badalou e suas catedrais anunciavam a última missa. Meus olhos seguiram o rumo do relâmpago – Uma bela procissão poética!
O vento vibrava ao pé do ouvido. Sussurrava minha canção de ninar preferida – Não tenha medo! – disse a voz. Seu final feliz beija-te a testa – continuou. E que lábios! (quentes e petrificantes).
A essa altura já contava as estrelas do teto e nadava pelas anotações da parede. O alterego das escalações temporais, animal selvagem, não-domesticável, aplicara suas lições e rabiscado os pilares. Tal selvageria entranhara-se em cada vestígio meu. E como um CD partido era agora uma porção de canções amaldiçoadas.
A arma do destino fora apontada em minha direção mas seu tiro também calou-se.
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Eu sou... Clive B. Capítulo Décimo Sexto: Eu Sobrevivo aos Números
Rasgado. Após ter em mãos os documentos que reacendiam minha memória, minha lembrança reagiu junto aos estímulos nervosos da minha espinha dorsal, e como um selvagem, um animal talvez extinto no seu mais gutural ruído de raiva, fui levado a dilacerar cada dia que continha naquelas linhas.
Semanas, horas, datas. Eu sobrevivi aos números. Às hipóteses. E em cada possibilidade, relutei e confrontei minha já extinta paciência.
Eles sentem-se rejeitados. Vociferante como um predador nato no seu mais alto nível de sobrevivência, eu mantenho a distância exata, em passadas, ângulos, cossenos, respirações. Suficientes para atacar e devorar. Estou tão longe de todos eles, que isso dói. Tão inaceitável que as correntes de lágrimas dão lugar a esta raiva e reclusão. Eu renego todos, impondo minhas diferenças vorazes. As mais primitivas. Eu corto e fatio, e construo o que for preciso para essa alteração. Jamais seremos primos, vizinhos ou espelhos. Porque por mais próximos que estejamos materialmente, eu sempre correrei pra fora desse imenso mar que é a minha compaixão.
Eu faço as coisas de trás pra frente. Minha vida é um anagrama. Uma discordância das vozes e dos atos. Ideologias baratas, fáceis. Nada inovado. Eu apenas pego vidro e reviro em cacos. Tudo como era antes. E tudo como sempre será. Sem surpresas, sem alterações. A vida badalada e enfraquecida. Os lábios frios e as mãos congeladas.
E tornando-me cada vez mais estranho, distante (diferente), mais sofro. Mais me batem. Xingam. Sinto a raiva no fundo de suas íris manchadas. E não há nada que eu possa alcançar. Alçados sob um precipício obscuro, minhas correntes são incapazes de libertá-los. Eu permaneço com meus olhos vidrados, meus lábios secos. A mão trêmula que deixa escapar o copo (e o passado).
Vivo nesta cama, deitado. Imaginando como seria a vida. Admitindo e aceitando as derrotas sexuais, seticistas. Englobando a fé nesse pequeno redemoinho de uísque. E engolindo, gota a gota, esse Deus que me abandona justo agora, quando meus dias vão evaporando em centímetros. Enquanto minha pele resseca em metros cúbicos. Durante meus tragos dobrados, e agora já triplicados. E é claro, milímetro por milímetro da minha voz rouca, que não mais se expande.
Eu sou Clive, sobrevivente somente aos números.
Semanas, horas, datas. Eu sobrevivi aos números. Às hipóteses. E em cada possibilidade, relutei e confrontei minha já extinta paciência.
Eles sentem-se rejeitados. Vociferante como um predador nato no seu mais alto nível de sobrevivência, eu mantenho a distância exata, em passadas, ângulos, cossenos, respirações. Suficientes para atacar e devorar. Estou tão longe de todos eles, que isso dói. Tão inaceitável que as correntes de lágrimas dão lugar a esta raiva e reclusão. Eu renego todos, impondo minhas diferenças vorazes. As mais primitivas. Eu corto e fatio, e construo o que for preciso para essa alteração. Jamais seremos primos, vizinhos ou espelhos. Porque por mais próximos que estejamos materialmente, eu sempre correrei pra fora desse imenso mar que é a minha compaixão.
Eu faço as coisas de trás pra frente. Minha vida é um anagrama. Uma discordância das vozes e dos atos. Ideologias baratas, fáceis. Nada inovado. Eu apenas pego vidro e reviro em cacos. Tudo como era antes. E tudo como sempre será. Sem surpresas, sem alterações. A vida badalada e enfraquecida. Os lábios frios e as mãos congeladas.
E tornando-me cada vez mais estranho, distante (diferente), mais sofro. Mais me batem. Xingam. Sinto a raiva no fundo de suas íris manchadas. E não há nada que eu possa alcançar. Alçados sob um precipício obscuro, minhas correntes são incapazes de libertá-los. Eu permaneço com meus olhos vidrados, meus lábios secos. A mão trêmula que deixa escapar o copo (e o passado).
Vivo nesta cama, deitado. Imaginando como seria a vida. Admitindo e aceitando as derrotas sexuais, seticistas. Englobando a fé nesse pequeno redemoinho de uísque. E engolindo, gota a gota, esse Deus que me abandona justo agora, quando meus dias vão evaporando em centímetros. Enquanto minha pele resseca em metros cúbicos. Durante meus tragos dobrados, e agora já triplicados. E é claro, milímetro por milímetro da minha voz rouca, que não mais se expande.
Eu sou Clive, sobrevivente somente aos números.
segunda-feira, 18 de março de 2013
Eu sou... Clive B. Capítulo Décimo Quinto: Coisas Que Eu Não Sei Dizer Olhando Pra Você
Eu sinto que a esta altura do jogo, vocês gostariam de ler algo mais sólido, eficiente ou quem sabe ''de uma maturidade construída'' sobre mim. Ou talvez não desejem nada. Estejam zerados de esperanças e expectativas (o que eu aconselho). Mas se escolheram a primeira opção, talvez esteja na hora de uma nova decepção. Eu não vivo esta fuga de vida com a intenção de superar hábitos questionáveis, tornar-me uma pessoa melhor etc. Eu deixo isso pra quem se contenta pelas linhas retas e pintadas. Porque eu faço da minha existência uma bagunça assimétrica, rabiscadas e amassada. Eu desentorto com o vento que me despenteia, e com o amigo etílico que me faz dançar pela calçada. Você pode se julgar melhor ou mais evoluído. Caso esta seja a opção, pare agora mesmo e gire em torno do meu middle finger.
Depois de tais palavras vomitadas, eu ergo um novo copo pelo sol que começa a adormecer. Que paisagem! Eu poderia utilizar de adjetivos rotineiros e que até expressariam entendimento. Poderia usar um palavrão. Mas vou resumir com um suspiro nostálgico. Meus melhores (e piores dias) foram banhados pela imensidão alaranjada desse amigo traíra. E é dele que espero um último abraço, qualquer hora.
Eu pensei em dividir o relato a seguir em partes. Talvez subcapítulos. Mas eu não sou diretor de teatro, então eu despejo tudo que tenho logo no primeiro ato, mesmo antes das cortinas se abrirem. Porque não vejo verdade mais promissora do que uma mentira criada na hora.
Eu encontrei ela pelo corredor. Ela me fitava com certa análise, o que me incomodava. Mas talvez fosse só mais um transtorno neurótico. Então engoli pensamentos e selei minha mente antes que ebulisse. Os dias seguintes poderiam ser detalhados, mas eu prefiro pular de uma ponte sem bungee jump ao ter que narrar tudo. Vamos à ação!
Depois de trocarmos palavras soltas, até um pouco sem sentido e de nos embebedarmos das mesmas culpas, senti como se ela vivesse no mesmo mundo que o meu. Aquele que eu tanto cito. Ou ela era viajante, ou recém chegada. Mas eis suas palavras que jamais esbranqueceram no meu cérebro:
"Um dia, quando tu enfrentares teu turbilhão de arrependimentos, brigas, medos e parar de desgraçar a todos que te oferecem um sorriso, eu sei que tu alcançarás a verdade que procura..."
Engolido. Jamais digerido. Jamais esquecido (Ok, esquecido por alguns porres), Mas esta frase me atropelou tantas vezes, que senti medo de jamais vê-la de novo. Perdi os dias, alguns meses e quase um ano. E eu tenho muito o que dizer. Ela me desafiou.
Mas acho que desta vez estas seriam as coisas que eu não saberia dizer olhando pra você...
Depois de tais palavras vomitadas, eu ergo um novo copo pelo sol que começa a adormecer. Que paisagem! Eu poderia utilizar de adjetivos rotineiros e que até expressariam entendimento. Poderia usar um palavrão. Mas vou resumir com um suspiro nostálgico. Meus melhores (e piores dias) foram banhados pela imensidão alaranjada desse amigo traíra. E é dele que espero um último abraço, qualquer hora.
Eu pensei em dividir o relato a seguir em partes. Talvez subcapítulos. Mas eu não sou diretor de teatro, então eu despejo tudo que tenho logo no primeiro ato, mesmo antes das cortinas se abrirem. Porque não vejo verdade mais promissora do que uma mentira criada na hora.
Eu encontrei ela pelo corredor. Ela me fitava com certa análise, o que me incomodava. Mas talvez fosse só mais um transtorno neurótico. Então engoli pensamentos e selei minha mente antes que ebulisse. Os dias seguintes poderiam ser detalhados, mas eu prefiro pular de uma ponte sem bungee jump ao ter que narrar tudo. Vamos à ação!
Depois de trocarmos palavras soltas, até um pouco sem sentido e de nos embebedarmos das mesmas culpas, senti como se ela vivesse no mesmo mundo que o meu. Aquele que eu tanto cito. Ou ela era viajante, ou recém chegada. Mas eis suas palavras que jamais esbranqueceram no meu cérebro:
"Um dia, quando tu enfrentares teu turbilhão de arrependimentos, brigas, medos e parar de desgraçar a todos que te oferecem um sorriso, eu sei que tu alcançarás a verdade que procura..."
Engolido. Jamais digerido. Jamais esquecido (Ok, esquecido por alguns porres), Mas esta frase me atropelou tantas vezes, que senti medo de jamais vê-la de novo. Perdi os dias, alguns meses e quase um ano. E eu tenho muito o que dizer. Ela me desafiou.
Mas acho que desta vez estas seriam as coisas que eu não saberia dizer olhando pra você...
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