quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Não Faz Sentido... Mas é Bom:

Eu retorno. Talvez o maior clichê seja justamente a volta. As épocas colidem no espaço, e tudo parece ser o agora de sempre. A data bagunçada do calendário, as brigas com o tempo, a insatisfação do que não pode ser vencido. E o grito na garganta que urge. Mesmo que tudo reconstrua os sonhos bobos de 10 anos atrás, ainda que os prazos recebam uma validade maior... Nada pode derrotar um destino campeão.
Eu volto pra buscar o que se perdeu. As coisas as quais eu já nasci sem possuir. Volto pra tentar ir além, aonde minha natureza fraca não permite. Eu sempre estou aqui pra dizer a mim mesmo as coisas que não fazem diferença. Eu empunho a adaga corroída pelo sal do mar, o papel devorado pelas traças (e as lágrimas) e logo o sangue rebate com aquele olhar autoritário, de quem tem a razão.
Sou falastrão mesmo no silêncio. Tropeço nos pensamentos e deslizo em algumas línguas e palpites maldosos. Dou lições de moral (as quais são inaceitáveis), e filosofo para além do meu amor. Minhas paixões são quebradiças, fluxo intermitente de um ego blindado pela razão obsoleta. Inadequado, de humor tempestuoso e olhos marejados pela brisa à beira do asfalto.
Lá nos capítulos finais, quando achamos que já entendemos como será o final e iniciamos as previsões cheias de certezas e convencimento, eu monto minha barraca e passo umas férias. Lá no limiar entre o que era e o que um dia poderia ser. Eu não vou para além disso, nem remo de volta na minha canoa de ferrugem. Eu deito na rede, cruzo os braços e pego um livro qualquer.
Nestes segundos finais, lembro de beber do por do sol a força pra levantar amanhã. Como um diário bumerangue, minhas verdades flamejantes cortam e estilhaçam as palavras, até não restar nada. Eu estou em todas as coisas que faço, mas jamais me encontrarei em qualquer uma delas. Sou aquele que ficará a dois passos da verdade que procura, o guri que tropeça nos cadarços do próprio all star e que ajoelha ali mesmo - mas não reza.
Cheguei tarde demais na fila das boas escolhas, peguei um taxi e fui pra padaria mais próxima. Encontre-me na escadaria, 7º andar. Não tem erro, eu sou o garoto que esconde os livros e te entrega uma lâmina presa no sorriso. Nade baby, nade ou morra tentando.