segunda-feira, 18 de março de 2013

Eu sou... Clive B. Capítulo Décimo Quinto: Coisas Que Eu Não Sei Dizer Olhando Pra Você

Eu sinto que a esta altura do jogo, vocês gostariam de ler algo mais sólido, eficiente ou quem sabe ''de uma maturidade construída'' sobre mim. Ou talvez não desejem nada. Estejam zerados de esperanças e expectativas (o que eu aconselho). Mas se escolheram a primeira opção, talvez esteja na hora de uma nova decepção. Eu não vivo esta fuga de vida com a intenção de superar hábitos questionáveis, tornar-me uma pessoa melhor etc. Eu deixo isso pra quem se contenta pelas linhas retas e pintadas. Porque eu faço da minha existência uma bagunça assimétrica, rabiscadas e amassada. Eu desentorto com o vento que me despenteia, e com o amigo etílico que me faz dançar pela calçada. Você pode se julgar melhor ou mais evoluído. Caso esta seja a opção, pare agora mesmo e gire em torno do meu middle finger.


Depois de tais palavras vomitadas, eu ergo um novo copo pelo sol que começa a adormecer. Que paisagem! Eu poderia utilizar de adjetivos rotineiros e que até expressariam entendimento. Poderia usar um palavrão. Mas vou resumir com um suspiro nostálgico. Meus melhores (e piores dias) foram banhados pela imensidão alaranjada desse amigo traíra. E é dele que espero um último abraço, qualquer hora.


Eu pensei em dividir o relato a seguir em partes. Talvez subcapítulos. Mas eu não sou diretor de teatro, então eu despejo tudo que tenho logo no primeiro ato, mesmo antes das cortinas se abrirem. Porque não vejo verdade mais promissora do que uma mentira criada na hora.


Eu encontrei ela pelo corredor. Ela me fitava com certa análise, o que me incomodava. Mas talvez fosse só mais um transtorno neurótico. Então engoli pensamentos e selei minha mente antes que ebulisse. Os dias seguintes poderiam ser detalhados, mas eu prefiro pular de uma ponte sem bungee jump ao ter que narrar tudo. Vamos à ação!

Depois de trocarmos palavras soltas, até um pouco sem sentido e de nos embebedarmos das mesmas culpas, senti como se ela vivesse no mesmo mundo que o meu. Aquele que eu tanto cito. Ou ela era viajante, ou recém chegada. Mas eis suas palavras que jamais esbranqueceram no meu cérebro:


"Um dia, quando tu enfrentares teu turbilhão de arrependimentos, brigas, medos e parar de desgraçar a todos que te oferecem um sorriso, eu sei que tu alcançarás a verdade que procura..."
Engolido. Jamais digerido. Jamais esquecido (Ok, esquecido por alguns porres), Mas esta frase me atropelou tantas vezes, que senti medo de jamais vê-la de novo. Perdi os dias, alguns meses e quase um ano. E eu tenho muito o que dizer. Ela me desafiou.

Mas acho que desta vez estas seriam as coisas que eu não saberia dizer olhando pra você...

sábado, 2 de março de 2013

Eu sou... Clive B. Capítulo Décimo Quarto: Eu estou bem...

Eu sempre vejo além. Estou cego para os fatos a minha frente. Não os vejo nem os sinto. Enxergo sempre as curvas que estão por vir. Percebo os buracos da estrada, as inúmeras casas que passam em rápidas piscadelas e até mesmo as gaivotas que pintávamos ao lado das nuvens azuis da infância.



Como numa viajem locomotiva, o tempo vai passando pelos meus olhos, em quilometragem por hora. É tudo calculado como distância. Nesse espaço sujo e hostil que a vida ensina a desafiar. Substâncias controladas me ajudam na viajem, e até mesmo aquelas que proibimos com a boca, mas que engolimos sem nem perceber.



Eu vejo mundos distantes e jamais vivo o presente inóspito. Eu vivo sempre para além de mim.



Eu acordo durante as madrugas e me reviro. Frito em pensamentos no colchão. Espero algum tempo com a sensação de que alguém chegará e se deitará. Logo, espremo os olhos até sangrarem de ressentimento. Saco a garrafa que comumente está ao lado da cama (ou embaixo), e dou um gole caprichado.



Eu vivo pra quebrar a vida antes que ela me derrube de novo. Porque quando se está no chão, aprende-se a rastejar. Eu vivo na dor e na falta de fé. Porque eu sei que só o que eu preciso, é dizer alto para que todos ouçam: "Eu estou bem". E convencendo-os, fico na esperança de que alguém venha e me convença também. Porque eu não posso ser seu brinquedinho sexual fofinho. Não sou seu leão, nem seu tigre.



Ele disse: E quando a beleza também se acabar?

E eu respondi: Espero que até lá tenham inventado algo mais forte pra memória, como vodca batizada ou algo do tipo.