sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Eu sou... Clive B. Capítulo Décimo Terceiro: Geração do Nada, Eu Voltei:


" Ando distante. Temeroso. Fui gerado sob a dúvida e a dor. Minha geração está abandonada. Disseminada. Lastimável. Sou um viajante incorrigível. Não faço rimas. Minha vida é assim mesmo, desfocada. Como um balde de tinta qualquer jogado sobre a obra de um artista. Eu tingi essa terra com meu orgulho e minhas pragas. Tarde demais para arrependimentos! Eu voei, como qualquer mortal desejaria, e beijei flores douradas dos Elíseos. Quando fecho os olhos quase ouço as ninfas cantarem. Suburbano dos céus. Eu me enfio em corredores apertados e caço papel e caneta pela madrugada. Tudo para manter-me vivo. Para manter este mundo intacto. Essa geração indefesa, consumida no próprio ódio. Ódio de si mesmo, sua própria imagem aversiva e cognitiva. E em todos me encontro num canto de lábio ou num bater de cílios. Antagonista de si mesmo. Vivo um dia por vez. Mas misturo os arroubos do passado com as descrenças do futuro. Gasto meu dia todo num encucado problema, e sofro. Grito antes da agulha me espetar, mas sorrio depois. Sou egoísta demais pra deixar que todos se ferrem sozinhos. Eu abraçarei o mundo, e gemerei com ele. Até que acabe a tinta, e o meu ar. Enquanto houverem cores a serem descobertas e verdades a serem encobertas. Sem prazo definido, mas ciente de que um dia acabará. Como o sol, a imensidão do mar e dos frutos. Porque tudo, nessa terra amaldiçoada, nasce e prospera, apenas esperando o dia de cair sob o sono onipotente e perpétuo chamado morte. "