segunda-feira, 30 de abril de 2012

Últimas Confissões da Pista de Dança -- O Teu Silêncio Não Traz Paz:

Escrito no dia 19.04.2012

"Peço desculpa pela sinceridade exagerada que fere e pela falta de atitude que desmotiva.
Sempre tive problemas com auto-estima, e mais ainda com alteração comportamental.
Algo em mim insiste em tentar mais uma vez, e prometer pra si mesmo que fará diferença.
Mas não faço.
Algo em mim tende a um lado corrompido. Fogo e espada se fundem.
Algo em mim morre, todo dia."





Eu tava tão acostumado a estar rodeado de pessoas (mesmo quando isso me repudiava), que agora não há multidão que os substitua. Acho que enfim eu consegui. Desejava tanto o afastamento que conquistei a solidão. Ter cuidado com o que se deseja é a lição do dia, afinal.

Eu não sei como e nem quando ao certo, mas parece que só agora realmente entendi o que é solidão. E o quanto ela te consome no silêncio. E justo agora que percebi que a presença das pessoas faz falta. Eu preciso ser questionado. Duvidar. Odiar. Apaixonar. O estilo auto-suficiente era objetivo único de vida. Agora não sei mais.

Acho que finalmente posso descrever a sensação da pista de dança: Me sinto abraçado por todos! Como uma droga que dá prazer momentâneo, eu desejei a eternidade da noite. Mas ela acabou. Como meu castelo de cartas. Desabaram. Ora, seria eu só mais um carente inconformado?

Um a um. Meus soldados morreram. Ou renunciaram. Tão rápido e letal que nem vi. Nem senti. Aconteceu. Como fluído intravenoso que primeiro anestesia a dor e depois frustra o sub-ataque interno. O vírus aglutinador dos sonhos. Sangue na pista de dança! - Gritou um. Terapia do singular. Sem guerreiros não há guerra afinal.

É tarde demais pra lembrar a falta que cada peão faz ao meu tabuleiro. E seria hipócrita dizer que eu mudaria as coisas se pudesse. Porque eu não mudaria. Só com a dor aprende-se a esquecer. E a dor acabou.

Eu não vejo mais motivos pra confessar os erros e aprendizados dessa pista de dança. A música acabou. As pessoas foram embora. Logo as luzes serão apagadas. É difícil acreditar que a minha festa termina assim. Mas velhos hábitos são sempre flamejantes.

Sentado neste canto onde o neon ainda ilumina os quadrados, eu vi um mundo todo passar sobre este chão. E agora eu não consigo mais levantar. Não tenho forças pro próximo round. W.O. ao esquecimento.

Nunca fui bom com despedidas, e praticamente disse tudo que tinha vontade. E mesmo aquilo que não foi fito foi memorável. Tudo, pela poesia que não teria fim...



...Mas afinal, como poetizar sem poeta?





terça-feira, 24 de abril de 2012

Confissões de uma Pista de Dança -- Corra Estrela Cadente, Corra!

" O pedido parecia muito simples, e a escolha a ser tomada mais ainda. Mesmo assim eu tremia, como na minha primeira vez. Relutava. Não é o tipo de coisa que se perde o medo com o passar do tempo. Passado e futuro te esmagam como verme. E presente não há -- A mutação é constante demais pra isso. E ainda que os livros insistam, nem todo conto de fadas tem final feliz. Eu sei. Só é difícil aceitar que amor não seja tudo. Porque deveria ser.


E como um poeta que tem suas palavras roubadas pelo acalanto da noite, corpo e alma brigaram. Romperam sua ligação jamais vista ou entendida. E eu, como amante inocente e sonhador, vi minhas estrelas despencarem sem luz. O beijo traidor da poesia vazia fez-se vivo. Fervoroso. As estações se embaralharam e o luar dormiu. Eternamente.


O adeus estava ali. Como sexo congênito. Vulgar. O fim era óbvio. Palavras sobravam. Sentidos anestesiavam. O abraço enfim fora recebido, como favor prestado e prazo findado. Sombra e luz ainda brigariam. Mas eu não estaria mais ali para assistir."

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Confissões de Uma Pista de Dança - A Quase Última Playlist do Dj (Prólogo Final):

Eu poderia ser melhor. Não sei onde, mas poderia. Faltou humildade pra diminuir esse poder visionário que carrego nas palavras. Faltou auto-estima pra combater as tolas adversões que todos se pegam refletindo. Corpo e alma poderiam se entender melhor, e eu poderia ser menos exigente comigo mesmo e com o resto do mundo. Poderia ter criticado menos e agido mais. Até diria que gripes e resfriados me afetariam mais constantemente, mas agradecer aos remédios que me curam não seria ruim. Eu poderia ter sido menos romântico e utópico, e ter encarado a realidade sem pintá-la e bordá-la tanto. Mas poderia também esquecer da verdade, vez que outra, e fingir que o amor daria certo. Vai que desse mesmo?! Não dá pra controlar tudo a sua volta, nem fazer com que as pessoas ajam de acordo com a sua vontade, quando você quiser. E tudo acontece rápido demais. No fim, os planos que você tanto bolou, podem não passar de empecilhos que ocuparam seu tempo. Eu não fui tão corajoso quanto pensei, nem tão bonito, nem tão feio. A medida certa era o que importava. Nem a mais nem a menos. Optei por combater a hipocrisia (apesar de tê-la como cúmplice às vezes). Até tentei mudar o mundo, começando pelos seus habitantes. Mas às vezes me senti bom demais pra ser como os outros. Achava que fosse melhor. Sem tanto medos, preconceitos, futilidades. Foi aí que o tal de amor chegou pra me bater sem pena. Me atropelou e demoliu todas as razões que eu demorei tanto pra erguer, como carapaça. Erguei-me novamente então. Achei-me fraco demais pra combater o mundo lá fora. Não era tão belo quanto o espelho sussurrava timidamente, nem tão esperto. E tratando-se de um mundo onde as aparência são tudo, senti-me acuado. Tão logo percebi que força e fraqueza são pontos de vista questionáveis. Nada é tão definitivo. Extremista. E goste ou não da minha beleza, inteligência, ironia, o mundo me fez assim para enfrentá-lo. E eu sei que desapontamentos me derrubarão e sonhos podem não passar de miragens e me confundir, mas se eu devo ser diferente, o mundo terá que me bater com mais força da próxima vez.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Confissões de Uma Pista de Dança -- A Quase Última Playlist do Dj (Introdução) :

" Um sádico comportamento, quase sempre mal visto, não acelera a degradação de fato, e os pilares podem ruir antes mesmo de admitirmos que estamos fazendo tudo errado. Mas há quem ouse dizer (e eu de concordar), que cada dia passado sem uma gota de redenção certeira, porém verdadeira, corrói a vida toda, pouco a pouco. E o tempo passa. Desapercebido, sutil como uma febre exorbitante que nasce numa infecção adiposa, mas arrasador, como uma gangrena generalizada devido maus cuidados. E o tempo passa. Rápido demais pra que se perceba as inflamações assintomáticas do bom gosto. E logo vem a queda!

E só quando o caixão se fecha perpetuando a inutilidade cardíaca e dos demais mecanismos, é que aquele sorriso gratuito da infância, a ira desastrada da adolescência, e até porque não os problemas que parecem insolucionáveis da vida toda, soam saudosos e tão próximos... Mas eles também passam, e só o que resta é a culpa e o remorso da vida não vivida, e a saudade, que será carregada infinitamente como uma cruz em suas costas, enquanto as lembranças te açoitam, e a nostalgia prega seus membros, um a um, numa punição cármica, nem sempre merecida, mas coagida de um tempo quase apagado pela neblina do infernal arrependimento... Do qual você rezará (porque agora terá fé), pra que um dia acabe."

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Confissões de uma Pista de Dança -- Músicas pra Você, Verdades pra Mim:

Sempre foi difícil aceitar os fatos e tentar me entender. Parecia tão mais fácil fingir que os receios eram contos (embora tão reais e presentes) que logo eu me tornei aquela figura distante e vazia. Então eu sou o culpado, certo?

Eu nunca quis ser esse destruidor de corações. Mas de alguma forma aprendi muito com cada pedaço deles que carrego até hoje. Mas sempre como um imenso quebra-cabeça que falta uma peça. E outra. E mais uma... Cada lasca afetiva que mutilei levo comigo nos bolsos. E devo dizer, eles estão pesados.


Eu não sou vítima! De certa forma agradeço pelas hostilidades, afinal toda armadura antes de ser ideal, deve sofrer na moldura incandescente. E verdade seja dita, a vida não é fácil e ponto! E se fosse, onde ficaria a diversão? Eu só queria mesmo ter mais argumentos a meu favor. Menos contrapesos sabe?! Mas nesse julgamento eu já fui carta fora do baralho há muito tempo... A diferença do antes pro agora é que dessa vez eu sou aquela carta que guardamos na manga. O trunfo. O ultimato. A saída. E seja ela qual for, tenho que jogar com o que tenho: Sarcasmo Competitivo. Afinal de contas, o jogo é um liquidificador imperdoável.


Eu só queria que as coisas realmente fossem diferentes. Nada é como deveria ser, e isso me mata aos poucos. Tudo desencadeou uma série de acontecimentos (alguns já citados no decorrer do tempo), que fez com que eu me destruísse por completo, quando entendi que o errado sempre fui eu. Então o encrenqueiro morreu? Sabe-se lá né.

Em contrapartida, comecei a me remontar minuciosamente, com peças planejadas. A vida fez isso comigo. Aprendi por conta própria a controlar as emoções, evitando as fraquezas.


E eu podia ter me saído muito bem. Tudo daria certo, mas foi então que tudo aquilo que tu me disse me atropelou como uma irônica recordação: "Podemos até superar as falhas e lidar com os erros, mas mesmo que tentemos esconder, lá dentro, outra fraqueza nascerá só pra nos provar que não passamos de brinquedos... Eternamente inacabados."

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Confissões de uma Pista de Dança -- Total Eclipse do Coração:

"Esse não é um conto convencional, e as luzes ou as trevas por vezes podem se confundir em meio a este labirinto de espelhos. Eu poderia fugir a tudo isso e fingir um novo mundo, mas eu sou um romântico insaciável, e minha fome pelo engano está envaidecida. Afinal, todos gostam de ser enganados. Desde a soberba mais lúdica, ao canto mais onipotente de exaltação divina. O engano está na verdade. Na mentira. Haja onde estiver, só quando se ama se constrói... Ou destrói. "

As escadas erguem-se sob o céu, e o ponto de partida é como as nuvens negras da tempestade que se aproximam. Pouco a pouco os ventos mandam a notícia da reviravolta. E dito e feito. Bem como sob o temporal, as histórias encharcaram minha alma de recordações recortadas de sonhos. Resgatas de um subconsciente privado. Atado. Mas ainda assim lá está ele. Despontando. Desregulando...

Perante o medo, eis a fraqueza. Nunca fui forte como bradei, nem tão puro quanto diriam, mas a culpa não se faz minha se eles idealizam minha vida em listras horizontais e anil. Afinal, o mito narrado em poesia constrói-se sobre qualquer direção. Mas o retoque do poeta só é dado de fato àquelas obras consideradas exuberantes. Viçosas. Peçonhentas. Bem como só costuramos os atos que foram partidos pela violenta tsunami do arrependimento.

Agora pare o mundo! Ouça as preces com atenção. Cante sobre a melodia. Arranjo. Sinfonia. Permita-se escutar. O vai e vem de traições e amarguras é que movimenta os contos. Ninguém consegue ser de verdade, então descansemos na pele açucarada da primavera. Banquete matinal da inveja.

Toda história carece de bons ruídos. Veracidade. O perfume que inconscientemente revela traços de personalidade... E toda essa baboseira só faz sentido porque é o que queremos tragar. Engolir. E lá estão todos, esperando uma intervenção divina. Mas ela não chegará.

Do holofote das passarelas à penumbra gelada do cemitério. Basta um passo. A escolha equivocada. "Então grite, mude." - disse ele. Mas a mudança não chega. Ainda que eu pudesse (e posso) evitar, meu conto se conta sozinho. Não é da minha mente que sai. Nem do total eclipse que é meu coração. Porém, palavras fundamentadas em anseios descrevem uma vida. Bastaria pouco mais que 3 minutos, como uma canção, pra eu te convencer das nossas semelhanças (e extremas diferenças).

E o truque é muito simples. Não é magia ou milagre. Basta voltar ao início do labirinto, quando os espelhos pareciam inteiros e reluzentes. O problema são as batalhas alvoroçadas. As palavras ditas sem querer dizer. A falta de desejo me entristece. A aparente saciedade e o conformismo. De fato, a falta de vontade não construirá vidas ou mortes. Mas certamente fará perpetuar a prisão que nos rodeia. Os muros intransponíveis. A vergonha que temos de ser de verdade. E essa prisão sim, chegará.

E da prisão à liberdade, pouco se diferencia, quando dia-a-dia passamos a viver menos, e ainda digo mais, nos importamos às pampas com extremo orgulho, e a morte vem em ondas. Orgulho assassino. E nem de morte morrida ou morte matada cito e destaco. Trata-se de morte encomendada. Aguardada. Porque quando sorri, vê-se uma brecha na aurora e bons dias enfim chegam. Aahhh dia bom!

E tic tac, big bang. As músicas perderam os nomes, e as batidas se depararam com uma fixação maluca de ausência poética...

Mas cá pra nós, joguem suas palavras e cuspam seus versos. Uma dia serei poeta e mostrarei o quão entorpecidos estávamos quando prometemos amor eterno. Eterno não passa de uma passagem de tempo inconsistente demais para que nossa coragem admita que é um risco. Risco esse que vale todos esses poemas... Ou não?!

Aaahh ironia agridoce, faz meu corpo todo destilar prazer numa história de boa tarde. Vizinhança venenosa de artistas e soldados.


PS * Quando o sol morrer, venha dormir no aconchego do meu coração traidor.


** Título em homenagem à Bonnie Tyler **