segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Confissões de uma Pista de Dança -- Rave de Rock e Crime Passional:

Eu acho que morrer por amor deveria ser o final exato de todo poeta. Quem sabe o romantismo e o realismo possam se relacionar num fetiche transcendental (?) Sabe, um pouco de autenticidade pra variar. Uma morte inexplicável e misteriosa, sobretudo por amar de mais --ou de menos-- Este seria um desfecho digno pros artistas do fantasioso e irônico anonimato. Porque só então pela morte encontrariam o reconhecimento.


Eu aprendi que quando uma música passa a te recordar ( e ativar instintivamente) sensações adversas, a missão dela foi cumprida. Apesar de não ser músico, sonho com uma sinfonia perfeita. Quem sabe um dia possa escrevê-la para um músico de fato.


Eu imagino algo como guitarras cromadas de coragem e luzes sexuais num psicodélico encontro cármico. A bateria flertaria com as batidas mixadas que os corpos que flutuam sobre a grama emanam. Seria como uma convenção de utopias. Chantili e suco de limão por todo chão, e no ar flechas incendiárias marcariam ''arcos com suas íris''. Uma chuva incandescente despiria todos de suas máscaras negras, e os braços se tocariam, antes dos lábios. Um presságio de morte. Uma Alcatraz ultravioleta de prisma quase inocente. As cordas entorpecidas pelas histórias que se amontoam, arrebentariam involuntariamente. Mas o som não pararia. Dançaríamos até morrer. Glitter em espelho fosco nas paredes, e em céu aberto um labirinto de roseirais espinhosos. Amor ponteagudo em flores e frutos.


A paz vai brotando despretensiosamente por entre as roupas rasgadas e os cabelos despenteados. Uma multidão condenada pelas vaidades, mas que aos poucos dissolve o estelar suspiro de vingança, marcham como coral único. E os poetas, de longe, entregam suas almas em frascos retirados das histórias antigas. Algo como garrafas de martíni e vodca esvaziadas pelo vento. Objetos fugazes que agora servem de correio para náufragos isolados na ilha alucinógena de suas doentias mentes.


O suicídio é morte honrosa. Não de um fraco cansado da luta, mas de um romântico herói que pôs sua beleza em livros que não serão lidos, mas que imortalizarão seu espírito em comunhão ao anjo negro que recepcionará todos no portão do esquecimento.


E que os heróis morram por amor! Que os covardes corram da glória e assistam este tributo com inveja pomposa de mártires prateados! E que a dor, que vem em ondas, ponha-nos em prova com sua tormenta perpétua.


Confesso: Eu findo a vida pelo amor que jamais senti, mas que sempre acreditei. Pois crime maior seria morrer por tal guerra que nunca hei de acreditar.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Confissões de uma Pista de Dança -- E Cada Dia Ensolarado É Uma Tempestade Adiante:

Bela canção é aquela que se faz ouvir nas vidraças de todo santuário. E a chuva que caía lá fora bradava ferozmente e estremecia a terra como soldados rebeldes em busca da paz. E cada gota era uma salvação.

A música ressoava na catedral do meu coração. Os sinos assoviavam e o escuro clareava. Uma brecha no tempo se fazia presente, e de longe me trazia a recordação do aroma de baunilha dos livros antigos. E cada lágrima era uma cachoeira.

A história se contava sozinha,e aquelas crianças que jogavam pedras pelo chão viram as alegrias se desmancharem como pó. Tudo desmoronou como pilares de areia. Como os pilares da Igreja. E cada barulho era um sinfonia.

As lembranças se desenhavam pelo horizonte. Bastava olhar no espelho pra notar as cicatrizes do passado. Sabe, aquelas cicatrizes que só a gente enxerga. E cada lágrima agora, era uma tempestade.

Quando os céus enfurecidos de impiedosos relâmpagos esbravejavam as nuvens, todos corriam pras suas casas. Um se cobria rapidamente com as cobertas, até não ver mais luz alguma. Afinal não se pode temer o que não se vê. Outro abraçava a mãe pra confortar-se de segurança. E tinha outro que se enchia de coragem e dizia "Eu não tenho medo!". Em geral, era a forma mais orgulhosa de se comparar aos outros.

Quando a saudade faz-se notar, é um aviso de que tu já perdeu a parte boa da festa. Quando se escreve sobre ela sem citá-la descaradamente então... É sinal de que por mais que tu tente mudar tudo de uma hora pra outra, as recordações já se tornaram poesias... E cada vírgula tornou-se um ponto final.

Mas eu aprendi que se tu realmente ama algo, deve deixá-lo ir. Tu deves essa liberdade ao mundo! É a melhor forma de dizer "Se mudar de ideia, pode voltar, eu estarei aqui!". Porque cada 'até logo' foi um 'adeus'.


E só quando uma canção te recordar bons momentos (que talvez nem tenham existido), tu estarás livre enfim. Embora tudo não tenha passada de hipóteses e utopias, a sua história sempre será uma melodia única.

Afinal toda música é uma despedida.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Confissões de Uma Pista de Dança -- Alexitima:

E de repente, lá estava eu. De braços abertos pra receber um ultimato qualquer. Nestes tais braços, escorria o sangue que fluía através dos cortes propositalmente elaborados. E quando a chuva teve início, então tal mancha sanguínea parecia colorir o resto do corpo como uma bênção. O suor da face fora se apagando, e as luzes também. Logo lembrei que pelas pernas a culpa também havia se feito com hematomas. Mas tudo ainda valia a pena. E os olhos foram se fechando...


Eu nunca soube identificar e assim classificar sensações e sentimentos. Pra mim isso é uma falha mecânica da inércia humana. Esse contratempo vem e nos arrasa com seu temporal paranoico. E eu já sou cheio de obsessões discutíveis.


Parece bobagem, mas eu não consigo lidar com o que pra mim é inexplicável. E como possuo esse jeito controlador, não suporto ter algo em mim que me desvirtue e me encha de ansiedade.


Enquanto todo mundo corre em busca de amor, vingança, afeto e delírios à parte, eu só sinto as dores se alastrarem pelo meu corpo. Minha cabeça dói intensamente e meus músculos pulsam como uma onda elétrica avassaladora... É uma angústia sem fim.


Eu não sei dizer se já amei alguém. Não sei dizer se um dia amarei. Por mais que eu quisesse, não conseguiria explicar com palavras as sensações que privam meu raciocínio. E eu vejo que todos se importam de mais com isso. Nomear todas as relações limita a naturalidade.


Viver com vontade de chorar ou a raiva que transcende a consciência seria uma punição cruel de mais. É como uma condenação póstuma. Então quase que automaticamente quando algo do gênero passa a me afetar, meu corpo responde com uma dor física. Acho que é uma válvula de escape. Chega a ser gratificante sentir fisicamente este mal. Assim posso ficar estável, e apesar de saber que é uma solução passageira, posso confiar na fuga pela dor material que meu corpo propicia.


O problema é que o corpo é uma máquina fadada ao fracasso, ora ou outra. E certas vezes a angústia e a confusão psíquica chegam a um ponto tão extremo que eu preciso fazer as coisas funcionarem, de um jeito ou de outro. Quando a dor não reage por si, é preciso empunhar-se de esperança e acordá-la do seu sono insano.


Talvez naquele dia eu tenha pegado pesado de mais. Há um limite a ser descoberto. Mas todo aquele transtorno tava me sufocando, e a minha claustrofobia social me impulsionou a pegar a faca, e gozar com o auto-flagelo. O suor era frio. Aparentemente eu tava esgotado. Mas por dentro tudo fervilhava loucamente. Quando os poros foram se rasgando, o sangue brotou como uma erupção radiante.


E pouco antes dos meus olhos se fecharem, tive a impressão de ter sentido meus lábios mandarem uma mensagem satisfatória que se alimentava de alívio: Era um sorriso.
Tá bem, talvez tenha sido só um espasmo muscular, mas prefiro ver as coisas dessa forma.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Confissões de uma Pista de Dança -- Músicas do Aqui e Agora pras Pessoas de Ontem e Sempre:

Não é que eu não goste das pessoas. Eu só não gosto da companhia delas!

Sabe, tenho 3 irmãos mais velhos, então desde novo eu aprendi a ficar sozinho. Claro que no início eu odiava não ter com quem brincar, mas rapidamente construí uma personalidade auto-suficiente. Desde então, a ausência das pessoas tornou-se até um presente pra mim.

Não é que eu não confie nas pessoas. Mas elas sempre se mostram iguais no final das contas. E eu sei que eu tô generalizando, porém até que me provem o contrário minha opinião continuará a mesma: Ninguém vale a pena! E como é difícil lidar com a verdade, geralmente minha companhia torna-se um problema.

Eu não tô afim de agir como um robô programado e/ou falar coisas pra ser alguém agradável (ou melhor falando, comprar 'fama' e 'falsas amizades' com comentários superficiais). Sou até um tanto cruel quanto a isso. Por isso me acostumei a não ser exatamente a pessoa mais rodeada de 'amigos'. Mas eu lido muito bem com a solidão!


E quer saber, todos no mundo estão sozinhos, mas a gente demora pra perceber. E quando percebe, demora mais ainda pra aceitar. É difícil se desapegar e assumir as responsabilidades sozinho. Tem que ter muita personalidade! Por isso sempre (ou quase sempre) acabamos ligando nossas escolhas às pessoas que nos cercam. É como justificar a covardia e falta de atitude com um blábláblá de "Mas o que as pessoas vão pensar?"


E na maioria das vezes, todos assumem um papel de juiz da verdade pra condenar e/ou qualificar as roupas diferentes, o corte de cabelo e tudo mais como nível de boa índole e caráter... VSF né!


Por isso que eu não vejo problema algum em afogar as mágoas (ainda bem que elas não sabem nadar!) em uns 4 ou 5 copos de absinto. A fada verde sim é uma ótima companhia.

Não é que eu não goste de estar com as pessoas. É que pra mim todas tem presença descartável! Claro que alguns tem utilidades mais específicas como fotografar os lances tensos da festa, ou ainda emprestar o corpo pra que eu extraia dele alguma satisfação... Tá legal, peguei pesado né?!


Mas gente, eu nasci sozinho. E assim um dia espero morrer. Não preciso de ninguém pra me dizer como agir ou pôr minhas atitudes numa régua de bons atos. Vai medir outra coisa vai! Gente de mais sempre complica tudo... Esse é o problema de um 'sex in group'.


Eu até já tentei me ligar à algumas pessoas. Relevei muita coisa e fui autêntico pacas... Mas acho que não sou do tipo que a maioria procura.

O problema é que todo mundo tá preocupado de mais inflando seus egos e procurando uma maneira de menosprezar as minorias ( Aí eu pergunto pra vocês Diamantezinhos, quem neste mundo injusto e condenatório tem capacidade de tornar-se Maioria?).




"Eu tenho saudade de quando a música servia pra unir as pessoas. Mas só o que eu vejo agora são rappers esbanjando dinheiro em seus carrões, e vadias em videoclipes. Eu não preciso de dinheiro. Eu não preciso de jóias. Eu só quero fazer o mundo dançar."

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Confissões de uma Pista de Dança -- O Duelo que poderia ter Resultado em Amor:

E dito e feito. Parece que todas as canções já foram cantadas. E acho que aqui vai mais uma.

Certa vez ouvi falar que as borboletas foram um símbolo místico poderoso. Significariam renovação e liberdade, além da tal áurea misteriosa.

Mas toda beleza tem compromisso direto com a propensão ao caos. Sendo assim, quando um grupo de borboletas colorem e destoam a vermelhidão do crepúsculo dos céus, com seu bater de asas, no lado contrário do mundo um terrível desastre aconteceria, assim contrabalanceando o bom e o ruim.

Mas todos sabem que há muitas outras coisas entre o bem e o mal, antes de se definirem os heróis e os vilões. E ainda que um tente se travestir do outro, não será uma capa brilhante que o dará super força e capacidade de atravessar as nuvens com seu voo super sônico...


...Bem como, olhar pro lado oposto toda vez que tu passa por mim não significa que eu não esteja me remoendo de vontade de sorrir, e desarmar-me, facilitando tudo.

E ainda que me despisse da armadura que carrego, nossos olhares continuariam a se provocar, e a sempre iniciar um eterno duelo de esgrima. E as faíscas que sairiam dos nossos floretes, até poderiam tingir um novo futuro com saudade e esperança, mas não reconstruiriam a escala cinzenta que foi o nosso passado.

Porque toda vez que penso no quanto poderia ter gostado de ti, e o quanto estive disposto a abdicar por essa loucura, me vem em mente as fraquezas que me impediram e a sensatez que evitou esse conflito mortal.


Ainda hoje quando finjo que somos meros conhecidos e desafiantes nessa arena inocente (porém sangrenta) que é este campo abandonado, não esqueço por um minuto sequer, que se esta fosse a solução, inflaria o peito de coragem e deixaria que o laminasse com sua paixão violenta.

Mas tenho a impressão que não seria o bastante. Nossas almas se comunicaram pelos corredores que é esta vida infernal. E algo neste encontro, trucidou nossas semelhanças e a colocaram frente a frente. Espelho cósmico da realidade.


...Se algo realmente pudesse mudar a história, abriria este vasilhame derrubado em lágrimas e libertaria cada borboleta que aprisionei durante todo este tempo, para enfim dormir infinitamente em teus braços, até que uma catástrofe nos unisse inteiramente, pela morte.