domingo, 21 de agosto de 2011

Prazer Rubro:

Eu gosto mesmo é da sensação de ver as cores entrelaçadas. De quando elas se misturam e me hipnotizam. Gosto do prisma entre tesão e medo, assim como o vermelho com azul.

Gosto de pintar o céu de chocolate e lambuzar as folhas de anil. Imagine a areia com cor de violeta!

Eu gosto mesmo é do preto no branco. Da sua língua na minha boca, e das minhas mãos contornando seu corpo, como que esculpindo numa aquarela.

Gosto desse prazer culposo.

Eu gosto mesmo é da tinta que pinga do pincel, das gaivotas que colorem os ventos e do mar que beija meus pés.

Gosto do terror consumindo os fortes, e os fracos dominados pela ira. Os fracos são meu aperitivo preferido! Gosto de devorar a esperança de olhos brilhantes e de abarcar novos pesadelos.

Eu gosto mesmo é dos sinos desafinados, do Coral da Igreja pedindo perdão, e do sangue sendo derramado.

A dor é o meu maior prazer!

Eu gosto da bala que derrete na boca, com sabor de açucena, de uma tarde quente refrescada com seu aconchego.

Gosto da culpa em seu prazer rubro, e de quando nossos corpos estão em sintonia, como uma simbiose de excitações.

Eu gosto mesmo é dos olhos nos olhos, da aliança incendiando minha alma, do branco no preto e do céu em cor de chocolate meio amargo.

Gosto de devorar as nuvens pela manhã, e o seu coração pela noite.

Você desperta um prazer inexplicável em mim!


...Eu gosto mesmo é dos seus lábios com sabor de estrelas, e da sua alma com gosto de pecado...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Paraíso Rubro:

Vida fácil. É o que todos desejam. Riqueza e vaidades.
Vida fácil. Eu era apenas um jovem fascinado.


Eu estava procurando, como numa missão, me desfazer de purezas e votos castos. Foi quando nossos corações combinaram e assim criamos um bálsamo para todas as falsas santidades, e milagres escorados em mentiras. Formamos uma aliança forjada da brasa. Como um pacto.
Vida fácil era tudo o que eu queria.

Fascínio. Eu vi os pilares da Igreja desmoronar como areia. Simultaneamente preguei-os à cruz com um beijo no pescoço.
Nunca pensei que pudesse ser tão fácil. Rios de neve em fogo convertido. Uma floresta de ouro por uma aliança de prata.
Não há valor que pague. Meu paraíso em céu rubro.

Vida fácil. Eu estive tão alucinado que abri mão de todos com facilidade. Ele era como uma correnteza que me arrastara para uma terra de pecados. Vendi meu caráter por uma overdose psicodélica. E já nem sinto culpa.
Estive na estrada do Unicórnio. Sopro de rumores.

Eu vi todas as vaidades se consumindo, e assim corroendo minha alma. Não faz nada. Admito que até gostei. Logo, paredes se ergueram ao meu redor, e assim expulsei a todos para saborear a solidão.
Não, eu não sou bom. Não fiz nada disso por eles. Eu queria o mundo todo só pra mim. Estou falando de orquestrar todas as vontades deles, para que dancem pra mim.

Agora estou rodeado de muros abrasivos e um ‘Eu’ que até então desconhecia. Ele sabe o que deve ser feito. Deixarei que ele manipule-os.

Vida fácil, coberta de fascínios, era tudo o que eu queria.

Agora, só vejo uma poça de sangue que não para de crescer.
Vomite suas blasfêmias!

Meu mundo é destrutivo, mas minha aliança de caos apenas começou...

sábado, 6 de agosto de 2011

Declínio do Império: Ascensão à Beira do Ódio:

Estou no limite. Onde a dezenas de lembranças atrás minha razão foi enterrada em fúnebre desonra.

Estou à beira de um precipício. Sei que Ele aguarda por mim. Nele encontrarei a libertação de tudo que me acorrenta a este teatro de gangrenas.

Estou bem no limite. Fora de controle. Sou espada e escudo em eterno duelo. A hipocrisia só terá fim no dia em que todos reis forem enforcados com as tripas dos sacerdotes.

Estou em frenético delírio de um êxtase obscuro. Estou petrificado, gritando por ajuda... mas a sete palmos parece impossível que alguém me escute.

Estou fora de mim, mas acho que nunca estive tão seguro.

Estou sozinho. Abandonado pelo meu Anjo de asas negras. Nosso pacto foi rompido e agora estou preso em irrealidades destrutivas. Estou amarrado e sendo covardemente apedrejado por mão que outrora prometeram me amar.

Mas eu devia saber que não estavam falando de amor. Só o que importa é a destruição. Ódio em brasa e um golpe final.

Estou no apogeu do meu ego, agonizando por uma ferida nele feita. Não há remédio nem cura. Estamos falando de vingança sem remorso.

Estou no ápice da fúria abrasiva. Não há amor por aqui.

Estou farto dessa indigestão. Engula suas palavras uma a uma e prove do seu próprio soro. Meu limite foi ultrapassado. Estou falando de quem fica do lado da corda que arrebentou.

Estou prestes a provar a todos que nada é o suficiente para agradar um Império – falsa promessa tatuada à desilusões.

Estou no limite, numa viagem sem volta. Estou falando de danças nas chamas.

Agora o jardim está morto e o espelho com lágrimas de sangue.

Hoje à noite farei com que todos vejam que não me amaram como deveriam.
Mas será tarde...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Eu Te Disse Que Não Sou Bom:

Sou egoísta, insensível e superficial.
Sou um devorador de corações.
Acredite, eu não ligo a mínima pra você.
Você não me conhece. Jamais conhecerá.
Eu sou uma encrenca.
Não ligo pro seu sorriso repleto de malícia ou para suas inverdades.
Não me importo com suas falsas promessas,
Nem com a sua paixão imperdoável,
Eu só quero o seu coração. Firme na minha mão.
Sou um manipulador nato. Persuasivo e sarcástico.
Não dou a mínima para sua compaixão,
Nem para o que esconde na lâmina dos olhos.
Não se engane com os meus defeitos,
Deixe que nossos corpos se entendam.
Eu só quero o seu coração. Pulsando em ritma.
Não há nada que me satisfaça.
Estou sedento pela sua dor.
Já nem ligo para as suas promiscuidades.
Sei que elas já se esvaíram junto com a sua dignidade.
Sei que você não passa de um medroso enjaulado
E que suas vaidades já se consumiram.
Eu sequer cobiço a sua alma.
Sei que ela não vale mais do que um copo de whisky.
Só quero o seu coração, para com ele me embriagar.