quarta-feira, 25 de maio de 2011

Lágrimas de Peter Pan:

Vítima do complexo de Peter Pan, que não quer crescer porque não quer assumir responsabilidades. O mundo dos adultos é falso e perigoso. Prefiro ficar com meu espelho quebrado de bolso, e enfrentar seu reflexo fadado às injustiças sem pensar nelas agora. Deixa eu voltar a sonhar, e só me acorde quando os doces não fizerem mal à saúde e todos possuírem coração. Quem sabe neste dia, a neve voltará a encantar e eu serei livre para voar. Não estou à procura da estrada de tijolos amarelos, pois não possuo um lar. Eu me escondo embaixo da cama, quando o monstro do armário resolve aparecer, e finjo resolver problemas de gente grande. Não acredito em bruxas, mas sei que elas existem. Tentei arrancar o que de pior havia em mim através dos meus pulsos. Resultado? Matei algo em mim. Lágrimas roxas já derramei e por vezes, fugi de medo. Preso à uma madrugada infinita, sinto falta de amores que nunca tive, e de poesias ainda não lidas. Embreagado de ilusões, fui até onde pude. Agora viro mais esta página. O sonho acabou. O voo acabou. Os tijolos perderam as cores e as lágrimas secaram. Nem mesmo os monstros me assustam mais.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Às vaidades que se Consomem:

Estive resgatando lembranças num transe do passado.
Afogando sonhos e pescando esperanças
Num mar de estrelas que percorre meu corpo.

Fulguras de um horizonte tão mágico.
Estive preso a contos e fábulas, de um tempo inexistente
Resgatando corações em campos de batalha,
E soldados no abismo de suas almas.

Resolvi então, vestir-me com todas minhas cicatrizes,
Para que todos pudessem ver o que deságua do meu ser.

Estive numa fuga alucinógena,
Contrabandeando emoções num tráfico inóspito.
Correndo na pista das mentiras,
E saltando em indignos obstáculos.

Ao longe, serpenteando o córrego da minha mente,
Surgiu a neblina da inveja.
O que poderia fazer?? Apenas cantar.
Cantar para o mundo, sonetos de pura entrega,
Implorando que me deixem ser quem eu realmente sou.

Estive driblando os contratempos, e com eles
Afastando as sombras brancas do voo das borboletas.

Estive a cantar para o mundo, sobretudo,
Pela esperança.


Peguei então em minhas mãos, o fogo das vaidades,
E como que num piscar de olhos,
Ele se consumiu,
E assim extinguiu-se.

sábado, 7 de maio de 2011

Quais suas Experiências?

Já me joguei numa piscina, desejando não voltar.
Já deitei na grama e assisti a lua virar sol.
Já observei a cidade de cima, e não achei o meu lugar nela.
Já me apaixonei e pensei que seria para sempre, mas o para sempre foi um para sempre pela metade.
Já fiquei olhando as estrelas e pescando sonhos.
Já bebi whisky até não sentir mais meus lábios.
Já apostei corrida, descalço no asfalto.
Já entreguei flores, e com elas, a esperança de um desamor.
Já me senti sozinho, rodeado de milhares de pessoas.
Já acordei durante a noite, e tive medo.
Já gritei de felicidade.
Já chorei perdas imensuráveis.
Já lamentei a falta de amigos que se foram.
Já me questionei motivos para ainda sorrir.
Já tive o coração partido, e parti tantas outros.
Já durmi ao volante, com a intenção de não mais acordar.
Já desejei seguir diversas profissões, e hoje entendi que por traz delas diversos sonhos se afogam.
Já roubei uma flor, num imenso jardim.
Já mutilei meus pulsos, tentando arrancar deles marcas que selam minha alma.
Já me senti o garoto mais feio do mundo, e nunca superei o complexo de patinho feio.
Já me senti um covarde, ao gaguejar na frente do espelho em treinos de conversas que nunca existiram.
Já fugi, briguei, insisti e enfureci.
Já esnobei, com um complexo de Napoleão.
Já me arrependi e era tarde pra me desculpar.
Já recusei desculpas porque era tarde pra se arrepender.
Já experimentei todas as drogas, e a que mais gostei foi a música.
Já dormi ao som de uma trilha sonora triste.
Já fui a um funeral, e não senti nada.
Já fui beijado, e não senti nada.
Já sucumbi aos meus sentimentos, e me arrependi.
Já fiz sexo sem compromisso e não me arrependi.
Já tive vontade de matar!
Já me senti morto.
Já quis viver para sempre, para entender a humanidade.
Já condenei a todos por minhas infelicidades.
Já julguei precipitadamente e já fui julgado tarde demais.
Já estive no meio do deserto, sozinho, e senti teu perfume.
Já quis morrer, e assim matei parte de mim.
Já quis viver mais...e vivi!






E hoje, preso a essa madrugada, escrevo, sozinho, como sempre estive. Explicando de forma subjetiva tudo que já senti e tudo que denovo sentirei.

E ao ler e reler, indignado, à pergunta sobre quais minhas experiências de vida, deixo a seguinte indagação:

--Como posso ter experiência alguma, se tudo o tempo todo está em transformação e nada volta a ser como era?

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Finita Certeza:

Você eu não sei, mas eu pretendo é viver para sempre. Reconheço que o sucesso do plano não depende só de mim, mas tento fazer minha parte. Evito as brigas e discussões desvairadas (exceto quando estas ferem meu orgulho), realizo exercícios diários, cuido da alimentação e higiene... mas também, quem dera a eternidade dependesse apenas de esforços vaidosos.

Mas pensando bem, a vida eterna nos trará problemas. A finitude sempre foi uma angústia humana, mas também um consolo, pois nos desobriga de entender a razão da existência. A ideia religiosa da vida após a morte é duplamente atraente, afinal nos dá a eternidade sem a perplexidade de entendermos tudo agora.

E quem sabe, num prolongamento da minha vida, teria mais tempo para amuderecer conceitos e sensações. Talvez até passe a compreender as razões que me levam a amar. Tudo bem, admito que não tenho todo esse otimismo. Mas pelo menos não teria que especular sobre como tudo vai acabar porque nunca vai acabar.

Ah se bastasse tempo para saber do Amor! Aposto que em milhares de anos, continuaria sendo um tolo... um tolo amante. E mesmo com esta vida, que tem seus dias contados, sei que o amor que por vezes renego, é o único remédio infinito da minha dor.

Já na eternidade, sem precisar morrer, a angústia da finitude é substituída pela angústia da incompreensão infinita.

Estaremos ridiculamente fadados a estar nesta bola magnética, olhando para as estrelas e perguntando como e por que -- para sempre.

E viver neste mundo de preocupações, desolado do amor, é como não ter um Lar. E como não tenho um Lar, estou por toda parte. Espalhado, em busca de pedaços que me faltam.



Um inverno de renascimento traz adiante uma primavera... de desolação?



Mesmo dentre fracassadas tentativas de extrair do mundo, o segredo para a longevidade, no fundo, sei que basta embeber do teu amor nesta frágil taça que é a vida, para que nossas almas vivam juntas para sempre.






Inspirado na obra Viver Para Sempre! de Luiz Fernando Veríssimo.