segunda-feira, 30 de agosto de 2010

De Repente:

Por que o sol continua a brilhar?
Por que o mar ainda chega à praia?
Por que os pássaros continuam voando?
Por que as estrelas ainda brilham?
(Não sabem que o mundo acabou)

Eu acordo de manhã e penso:
Por que tudo continua igual?
Por que meu coração continua batendo?
Por que meus olhos ainda choram?
(Não sabem que o mundo descoloriu)

Por que eles ainda mentem?
Por que elas ainda fingem se importar?
Eu não entendo.
(Não sabem que o mundo se rachou)

Por que minha mão ainda treme?
Por que parece ser tão recente?
Será que estou enlouquecendo ou as flores realmente continuam desabrochando?
(Não sabem que o meu amor partiu).

Por que as cores continuam a sorrir?
Por que a alma ainda não se entregou?
Por que continuam a se enganar?
(Não sabem que o meu amor disse adeus).

Por que a ira ainda os domina?
Por que a vaidade ainda os corrompe?
(Eles já não sabem para onde ir).
Por que a inveja ainda os mata?
Por que a ganância ainda os perturba?
(Eles já não sabem como mentir).
Por que a luxúria é irrelevante?
Por que a avareza se fechou?
(Perderam o seu império, e o amor acabou).
Eles não veem que a preguiça é sutil?
Ela veio vindo e os engoliu.


Eles não sabem, mas o mundo se acabou...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Hipocrisia:

Sabe aqueles dias que não temos a mínima vontade de levantar da cama? Quando estamos indispostos, mal queremos lavar o rosto para despertar. Ontem eu estava me sentindo assim. Às vezes penso ser o único culpado por tal sensação, mas outrora percebo que a culpa pode não ser minha. Sei lá, mas me sinto injustiçado, certas vezes, por ser tão bonzinho com pessoas que não merecem. Posso ter dezenas de defeitos (e quem não os tem?), mas se há algo que eu prezo, é o orgulho próprio. E apesar de ser auto-suficiente, nunca deixo meu orgulho embaralhar minha visão de ‘justiça’. Se tem algo que eu realmente desprezo, é a hipocrisia. Se você procurar o sentido para o termo “hipócrita”, encontrará a resposta: Indivíduo fingido, falso. Bom, admito que para ser hipócrita, ao meu ponto de vista, a pessoa deve realmente estar se sentindo um lixo. Sim, pois pra mim hipocrisia é a ação dissimulada de uma pessoa covarde. Sei que parecerá indignação ou até mesmo dor de cotovelo, mas prefiro reivindicar o caráter, do que não ter um. Hoje em dia, facilmente dize-se ‘eu te amo’ como se fosse dizer ‘bom dia’. O pior de uma pessoa hipócrita, é que no fundo ela está só se enganando. Tem gente que se diz ‘sincera’, mas sejamos realistas: Elas não são realmente sinceras, estão só esperando um pretexto pra falarem o que querem, sem se comprometerem. É, digamos que resolvi gastar meu tempo digitando este texto em homenagem a dois hipócritas. Desculpa, mas este é um dos momentos que deixarei meu ego falar mais alto só pra dizer “DANEM-SE”! Somos dotados de um tal de livre-arbítrio, que nos permite fazer a hipocrisia que for com nossas vidas, logo, se tem umas pessoinhas que preferem ser falsas e dissimuladas, que sejam. Mas o fato é: Não sou obrigado a aturá-las. Eu sei que uma hora ou outra eles se arrependerão (pode demorar, e pode até ser que eles nunca admitam) , mas eu sei que se arrependerão, e quando esse dia chegar, eu espero ter a oportunidade de dizer, em alto e bom tom (pessoalmente, pois podem pensar que é sarcasmo) que fico feliz pela justiça ter sido feita, e que eles terão o resto da vida pra carregar o fardo e renome de ‘falsos’.

Ps* Você é eternamente responsável por aquilo que cativas durante a vida (até mesmo a indiferença).



Oooowwwhhhnnn desculpe por existir, mas eu sou mais eu...
1 beijo pra quem é auto-suficiente e 2 beijos pra quem morrerá de recalque ;)


X.o.X.o

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Arte de Amar:

Se queres sentir a felicidade de amar, esqueça tua alma
A alma é o que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar a sua satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus- ou fora do mundo.

Se queres sentir a felicidade de amar, esqueça teu orgulho
Ele certamente lhe fará desistir.
Porque é preciso mais do que amar-se.
O ego pode satisfazer-te,
Mas serás vazio.

Se queres sentir a felicidade de amar, esqueça de tudo.
Todos dirão que estás errado,
Tudo parecerá culposo.
Só em ti, saberás o que tem valor.
Não em nada e não em tudo.

As almas são incomunicáveis.
Deixa teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

A Chave:

E de repente, o resumo de tudo, é uma chave.
A chave que abre para o inabitado e inexistente.
A chave de uma porta que não abre.
Dentro em mim é que está o segredo.
O segredo de uma porta que não existe- mas a chave existe.
Porque este segredo encontra-se selado,
Em ferro e brasa.
O ferro de uma chave.
A culpa e o arrependimento que foram lançados.
A saudade e a dor do que passou.
Eis a fechadura: A saudade.
Saudade de um tempo inebriante e alucinógeno.
Como o medo que transcorre minhas veias.
Como o veludo de um chaveiro.
Chaveiro sem chave.
O medo de perder o caminho certo.
O medo de descobrir em mim o que nos outros existe.
Como angústia de achar o caminho certo.
O caminho que leva à porta principal- esta sim existe.
A porta que não tem fechadura.
A porta que está em mim e que abre para o imenso.
A porta que agora existe...
Mas a chave se perdeu...

domingo, 15 de agosto de 2010

Apenas Amar

Que pode uma criatura,senão entre criaturas,amar?
Amar e esquecer,
Amar e malamar,
Amar,desamar,amar?
Sempre,e até de olhos fechados,amar?

Que pode,pergunto,o homem,
sozinho,em eterna rotação universal,senão
Rodar também,e amar?
Amar o que o amor traz à praia,
E o que a onda sepulta na areia,
O que na brisa marinha se torna sal,
E no seu poente se torna angústia?

Amar solenemente a solidão do deserto,
A entrega e a compaixão,
A voz áspera,o amor inóspito,
Um vaso sem flor, uma estrada de ferro,
E o peito inerte, pronto para ser flechado,
Como rua sem sonhos...Amar a oportunidade!

Eis o nosso destino:Amor sem conta,
Distribuído pétala a pétala,
Doação ilimitada e completa de ingratidão.
E na concha vazia do amor, à procura medrosa,
paciente de um desamor.

Amar nossa própria falta de amor,
E na aguerrida ânsia de amar,
Engolir as lágrimas e o beijo tácito,
Como calor distinto e sede infinita.


Que pode uma criatura,senão entre tantas outras criaturas,amar?

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Montecchio e Capuletto: O Prólogo do Amor

"Era uma vez a bela verona,
onde o ódio entre duas famílias, era trazido à tona.
Como o vil som das espadas,
A guerra entre os Montecchio e os Capulleto não era apenas uma fachada.
Dentre os desfechos de uma sangrenta batalha,
no mais profundo pó,
Julieta Capulleto e Romeu Montecchio: O amor de dois corpos, numa alma só.
Caberia na tumultuada Verona,num crescente amor de precipitação,
o fulgaz da brasa que acalentava o mesmo coração?
Mesmo julgados e condenados, por este trépido destino traçado,
Romeu e Julieta não julgavam-se viver no pecado.
Armas em punho,coragem e lealdade,
o embate épico,que se tornaria apenas saudade.
Mesmo com lágrimas matinais da aurora,
para Julieta e Romeu, ninguém poderia pará-los agora.
E nos mais remoídos ventos de piedade,
mais além,estava prestes a iniciar um terrível combate.
Soltos ao vento,lançados à sorte:
A luta mútua e incessante do Amor,selada pela morte."


Luís Paz & André Lima

O Último selo

...Preso à penúmbra de um destino corrompido pela inveja. Uma maldição cármica que guia ao desgosto de um alter ego. Como numa arena de combate,onde os gladiadores triunfam um combate alucinógeno. A tentação da carne realçada pelo crepúsculo matinal. A preguiça de abrigar-se de uma tempestade,quando o caos atravessa e parte o seu medo em dois. Num frívolo discurso,de uma autoridade, onde subitamente temos vontade de vomitar. A real decadência social,o desleixo completo (e óbvio),que as pessoas tendem a tentar esconder. É chuva de prata guardada num frasco de veneno. É o sangue de um anjo caído, em eterno triunfo de mais uma alma corrompida. A luz divina que não alcança a sombria ganância do Homem. Eclipse espacial que cobra a humanidade de trevas, fadados ao fracasso,num longíquo abismo gélido,condenados à eternidade vazia...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Espada e Escudo

No início, havia apenas a escuridão, mas como todos sabem, onde há sombra, há luz. Pouco a pouco, foram nascendo as primeiras estrelas, e com o choque entre estes corpos celestes e a escuridão (que já ali habitava), houve uma grande explosão. A terra tremeu e os céus choraram. Deste grande impacto, duas lágrimas atravessaram a galáxia, nascendo assim os irmãos Espada e Escudo. Espada jurou destruir tudo que se opusesse à sua frente. Escudo, por sua vez, jurou usar sua luz para proteger a todos. Nascia assim, o eterno confronto entre os irmãos. Visivelmente, Espada herdara a maldade e a ganância da Escuridão. Escudo descendia veementemente, da benevolência e insegurança das Estrelas. Apesar de nascidos juntos, na mesma colisão estelar, percebia-se fortemente, que seus destinos transcorriam caminhos opostos. Espada era arrasador, imprudente, frio e orgulhoso. Queria conquistar tudo através da força. Escudo, em contrapartida, era ingênuo, defensivo, acolhedor e maturo. Dizem que as faíscas deste combate deram origem ao Céu e ao Inferno. Pouco a pouco, o poder dos Irmãos enfraquecia mais e mais, sem aparente motivo. Notando essa repentina perda, Espada resolveu transferir seu poder para os homens: Ensinou-lhes a coragem, a inventividade, a criatividade e a força. Percebendo a ação do irmão, Escudo transferiu seu poder à Natureza, criando assim o fogo, o ar, a água e a terra. Notaram então, que seus poderes, controlados pelos humanos e a natureza, poderiam ser utilizados juntos. O home alimentava-se das águas, plantava e cultivava alimentos na terra, usava energia eólica e difundia sua inventividade com a brasa. Os irmãos, arrependidos desta luta milenar, resolveram fazer as pazes e acordaram trabalhar juntos. Porém, era tarde demais. Espada e Escudo tinham seus poderes totalmente usurpados pelo homem e pela natureza, podendo nada mais fazer. Os irmãos uniram-se novamente e numa nova grande explosão, dissiparam-se no espaço. O homem por sua vez, com seu intelecto criativo, passou a utilizar mais da natureza do que ela poderia oferecer-lhe. O fogo, o ar, a água e a terra, revoltaram-se contra a raça humana, iniciando um novo embate terrestre, criando assim, a desarmonia e o caos. Numa repentina tempestade, a Escuridão tomou conta do Planeta. As estrelas, todavia, injuriadas com tal feito, emanaram uma luz tão forte que ao dissipar a Escuridão, destruíram também o Homem e tudo mais que existia. O silêncio reinou no nada. Muito distante dali, era possível observar reflexos incandescentes. O som não podia propagar-se, mas era possível observar um rastro cósmico, como a calda de um cometa, que indicava um novo início. Espada e Escudo, finalmente descansavam em paz...Juntos!